Creche da Santa Casa de Fafe teve obras e ganhou capacidade para 165 crianças e bebés
Remodelação custou mais de 400 mil euros, 255 mil foram do Fundo Rainha D. Leonor. Provedor diz que Fafe precisa de creches e que Santa Casa tem 46 crianças em lista de espera.
A Creche n.º 2 da Santa Casa da Misericórdia de Fafe, situada na Rua Montenegro, em Fafe, que foi recentemente alvo de obras de remodelação, passou a ter capacidade para receber 165 crianças e bebés (antes só tinha para 124). A inauguração está marcada para esta quarta-feira.
As obras custaram cerca de 400 mil euros e contaram com o apoio do Fundo Rainha D. Leonor, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), no montante de 255.153,80 euros; com o apoio da Câmara Municipal de Fafe, que contribuiu com 60.000 euros; e do programa Norte 2020, que contribuiu com 84.225,46 euros. “O edifício requalificado foi construído de raiz e doado a esta Santa Casa em 1906 por Manuel Baptista Maia e destinava-se ao Asilo de Inválidos de Santo António, tendo na década de 1980, pela mão do provedor-cónego Leite de Araújo, sofrido obras para passar a ser um jardim-de-infância”, explicou ao PÚBLICO o provedor António Peixoto.
O provedor considera esta obra muito importante, por entender que “Fafe tem muita falta de creches”. “Nós temos duas creches, esta e a n.º 1, que é da Segurança Social, e mesmo assim temos 46 crianças em lista de espera”, afirmou, adiantando que a creche n.º 1 também está a precisar de obras. Porém, sublinhou, “não há dinheiro”. “Como essa creche pertence à Segurança Social, não nos podemos candidatar a fundos e as obras custam cerca de dois milhões de euros”, afirmou, acrescentando que a própria Segurança Social lhe disse não ter verba para essas obras.
Segundo o provedor, a Segurança Social contribui para a creche com 473,80 euros, para as crianças matriculadas depois de 2021, e 329,02 euros, para crianças matriculadas antes de 2021. “É por isso que não consigo fazer obras na creche n.º 1. E na creche n.º 2 só foi possível porque a maior parte do financiamento veio do fundo da SCML”, disse.
“Mas o nosso contributo social não se fica por aqui. Devo destacar ainda que temos cinco lares”, sustentou. Porém, também nesta valência, o provedor considera que a Segurança Social devia dar mais apoio. “A Segurança Social contribui para os idosos que se encontram nas estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI) com a quantia de 558,35 euros por utente, mas os idosos estão internados 365 dias por ano, enquanto as crianças passam parte do dia”, disse, referindo que a lista de espera de idosos ultrapassa os 300.
Para a inauguração de quarta-feira, estão previstas as presenças da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, da secretária de Estado da Acção Social e da Inclusão, Clara Marques Mendes, do bispo auxiliar de Braga e do presidente da Câmara de Fafe. A SCML far-se-á representar pelo administrador, David Lopes.
Ao PÚBLICO, a SCML disse que, desde 2015, o Fundo Rainha D. Leonor (FRDL)(criado em 2014) já apoiou 142 misericórdias, incluindo o financiamento de obras em 114 equipamentos sociais, como lares, centros de dia ou creches, e em 28 projectos de recuperação de património histórico e cultural, como igrejas ou museus.
O total dos apoios financeiros dados pela SCML, através deste fundo, às 142 misericórdias espalhadas pelo país, ascende a mais de 23 milhões de euros.
Sobre a creche de Fafe, disse que “vem reforçar a intervenção social que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem efectuado no país ao longo dos últimos anos, e o FRDL tem sido um instrumento fundamental na conclusão de projectos sociais inovadores e na recuperação do património histórico das misericórdias de Portugal”.