Exportações travam e economia abranda no segundo trimestre

Portugal não consegue acompanhar ritmo de Espanha e o PIB baixa crescimento em cadeia de 0,8% para 0,1% no segundo trimestre. Variação face ao mesmo período do ano passado manteve-se nos 1,5%.

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Exportações, que incluem o turismo, não cresceram no segundo trimestre Rui Gaudêncio
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Depois de, no final de 2023 e no arranque deste ano, ter registado taxas de crescimento de 0,7% e 0,8%, a economia portuguesa manteve uma variação positiva do PIB no segundo trimestre, mas muito mais moderada. A estagnação das exportações é a principal razão para o abrandamento verificado.

De acordo com os dados provisórios das contas nacionais publicados esta terça-feira pelo Instituto nacional de Estatística, o PIB registou, no segundo trimestre deste ano, uma taxa de crescimento face ao trimestre imediatamente anterior de 0,1%, um valor inferior aos 0,8% registados nos primeiros três meses do ano.

Em comparação com o período homólogo do ano passado, a variação do PIB no segundo trimestre foi de 1,5%, um resultado idêntico ao do primeiro trimestre do ano.

A taxa de crescimento homólogo de 1,5% registada na primeira metade do ano está em linha com a previsão realizada pelo Governo para a totalidade de 2024 e que é precisamente de 1,5%.

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Outras entidades, como o Banco de Portugal ou o FMI, estão mais optimistas, projectando taxas de crescimento para o total do ano mais próximas de 2%.

Os dados agora publicados pelo INE, por se tratarem de uma estimativa rápida, não incluem ainda os valores registados nas diversas componentes do PIB. No entanto, o INE revela, ao explicar as forças por trás da variação em cadeia de 0,1% observada no PIB, que o segundo trimestre foi de estagnação nas exportações, que tinham sido o principal motor da economia no primeiro trimestre.

“O contributo da procura externa líquida passou a negativo, verificando-se uma variação nula das exportações de bens e serviços”, afirma a nota publicada pelo INE, que acrescenta ainda que se observou no mesmo período “um crescimento do investimento e uma desaceleração do consumo privado”.

Espanha com ritmo mais forte

As dificuldades reveladas pelas exportações portuguesas em crescer estão relacionadas, pelo menos em parte, com o ritmo muito moderado que as outras economias europeias têm vindo a revelar ao longo do último ano.

Ainda assim, no segundo trimestre, a verdade é que, ao contrário do que tinha acontecido nos dois trimestres anteriores, o crescimento em cadeia de 0,1% de Portugal ficou abaixo da média da zona euro.

De acordo com os dados publicados também esta terça-feira pelo Eurostat, o PIB da zona euro cresceu 0,3% face ao período imediatamente anterior, o mesmo resultado já verificado no primeiro trimestre do ano. Em termos homólogos, Portugal, com a sua taxa de crescimento de 1,5%, continua a apresentar uma variação do PIB superior à média europeia, que passou de 0,5% no primeiro trimestre deste ano para 0,6% no segundo.

Na comparação com os seus parceiros europeus, o facto mais relevante dos dados publicados esta terça-feira está na forma como Portugal não conseguiu, neste segundo trimestre, acompanhar a Espanha que é, entre as maiores economias da zona euro, aquela que apresenta neste momento um ritmo de crescimento mais elevado.

Nos dois últimos trimestres, Portugal e a Espanha, duas economias com fortes ligações, tinham estado a par no seu ritmo de crescimento, com variações em cadeia do PIB de 0,7% no quarto trimestre de 2023 e de 0,8% no primeiro trimestre deste ano.

Mas agora, ao passo que Portugal abrandou para uma variação do PIB em cadeia de 0,1% no segundo trimestre, a Espanha manteve o ritmo elevado, com o seu PIB a voltar a aumentar 0,8%, um resultado que apenas é superado pela Lituânia entre todos os países da zona euro que já divulgaram resultados.

No que diz respeito à variação homóloga do PIB, enquanto Portugal manteve o seu resultado nos 1,5%, a Espanha passou de 2,6% no primeiro trimestre para 2,9% no segundo, o valor mais alto na zona euro.

Para já, apenas dois países da zona euro apresentaram uma variação negativa do PIB em cadeia no segundo trimestre deste ano, mas um deles é aquele que tem a economia de maior dimensão. O PIB na Alemanha, que tinha crescido 0,2% no primeiro trimestre, registou agora uma quebra de 0,1%. A variação em cadeia manteve-se também em terrenos negativo: -0,1%.

O desempenho decepcionante da economia alemã continua a constituir uma ameaça para a totalidade da zona euro, pelos efeitos de contágio que pode vir a ter para as restantes economias.

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