“O elogio que menos gosto é ‘És muito intensa’. Já me foi dito como elogio e como crítica”

Raquel Marinho, jornalista, diz que a última vez em que se surpreendeu foi quando soube que a cantora brasileira Maria Bethânia ouvia o seu podcast O Poema Ensina a Cair.

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Raquel Marinho, jornalista e autora do podcast "O Poema Ensina a Cair" Rui Gaudêncio
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Que rede social mais usa? Já desistiu de alguma, e porquê?
Uso mais Instagram por motivos profissionais. Por motivos profissionais também, além de Instagram, tenho Facebook, LinkedIn e X, antigo Twitter.

Já se arrependeu de alguma coisa que escreveu numa rede social? O quê?
Já. Desabafos de estados de espírito.

Tem a noção de quantos ex-amigos tem? Cinco? Dez? Ou nunca se zangou com um amigo?
Já me zanguei, sim. Lembro-me de um caso em particular com muita nitidez porque foi muito decepcionante. Depois, há amigos que vão estando mais ou menos presentes, mas isso não é zanga, é a vida a acontecer.

Qual é o elogio que menos gosta que lhe façam?
“És muito intensa.” Já me foi dito como elogio e como crítica.

Se pudesse viver no cenário de um romance literário, qual escolheria?
Seria na Finlândia por causa de um livro que li recentemente chamado A Lebre de Vatanen, de Artoo Paasilinna, edição Relógio d’Água. Mas seria para visitar e ficar uns tempos, não para viver. Gosto muito de viver em Portugal.

Fora de Portugal, qual é o lugar onde se sente em casa? E porquê?
Roma, talvez. É simultaneamente próximo, belo, tem aquela luz e aquelas cores quentes, e faz-me sentir que faço parte de uma história comum.

Qual o melhor conselho que lhe deram na vida?
Para não referir conselhos pessoais, escolho um profissional que me foi dito pelo Fernando Alves quando, aos 19 anos, estagiei na TSF: “Muito respeito pelo microfone.”

Em que situações se considera uma “chata”?
Quando analiso uma situação ao detalhe e quero ver e discutir todos os ângulos e mais algum até compreender tudo direitinho.

Tem algum vício que gostaria de não ter? E um de que se orgulhe?
Sim, fumar. Quero deixar. Não me orgulho necessariamente disto mas sou viciada em notícias e em programas de comentário político. Vejo todos. Se não apanho em directo escuto, em podcast. Nas rádios, invariavelmente, uns minutos antes da hora certa, escuto os títulos da TSF, Antena 1 e Observador, por esta ordem, e depois um dos noticiários.

Diga o nome de três portugueses vivos que admira (não vale a sua mãe nem o seu pai).
Jorge Palma, Helder Moura Pereira, Matilde Proença Luiz (não vale a mãe e o pai, mas vale a filha, certo?).

Já teve algum ataque de ansiedade? Em que circunstâncias?
Quase. Uma madrugada fiquei trancada na minha cozinha depois de, ao fechar a porta, a fechadura se desintegrar e cair no chão. Tentei de todas as maneiras abrir a porta por dentro para sair dali recorrendo a ferramentas que por acaso tinha na despensa, e não consegui durante mais de duas horas. Tudo isto estando sozinha em casa e sem telemóvel para pedir ajuda.

E já se sentiu profundamente exausta? Foi burnout?
Já. Não foi burnout, foi exaustão. Em 2017, depois de vir de Pedrógão, onde fiz a reportagem especial Depois do Fogo para a SIC. Foram vários dias seguidos de muito trabalho e enorme exigência emocional.

Se lhe pedissem conselhos para uma relação amorosa feliz, o que é que dizia?
Citaria a minha amiga Dulce Maria Cardoso: não peço mais do que aquilo que estou disposta a dar, mas também não aceito menos.

É vegetariana, vegan, faz alguma dieta especial? Porquê?
Não sou vegetariana. Tento evitar os hidratos de carbono, mas nem sempre resisto. Porquê? Porque estou a chegar aos 50 e o corpo está diferente.

Qual foi o último filme que viu? E qual foi o último de que gostou?
O último que vi foi o Horizon, de Kevin Costner, o último de que gostei foi o Dias Perfeitos, de Wim Wenders.

Qual o seu maior arrependimento?
Não ter terminado a licenciatura em Comunicação Social na Universidade Católica por ter começado a trabalhar no primeiro ano da faculdade. Ainda lá vou.

Qual foi a última vez em que se surpreendeu?
Quando o poeta brasileiro Eucanaã Ferraz me disse que quem lhe tinha falado pela primeira vez do meu podcast O Poema Ensina a Cair tinha sido a Maria Bethânia.

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