BE diz que democracia termina se não houver “alternativas em nome da estabilidade”

Líder bloquista defende que as promulgações recentes do Presidente da República não aumentam a pressão sobre os bloquistas quanto ao Orçamento do Estado.

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Mariana Mortágua, líder do BE Nuno Ferreira Santos
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A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, defendeu esta quinta-feira que o "dia em que os partidos deixarem de apresentar as suas alternativas em nome de uma qualquer estabilidade, a democracia terminou".

Em declarações aos jornalistas à margem de um encontro com a Ordem dos Advogados, Mariana Mortágua afirmou que o Bloco de Esquerda sente a "responsabilidade democrática de participar e contribuir para o debate orçamental" e que as promulgações recentes do Presidente da República não aumentam a pressão sobre os bloquistas.

Mortágua disse que, além da responsabilidade de participar no processo orçamental, o BE assume a "responsabilidade de apresentar uma alternativa", defendendo que "o pior que pode acontecer à democracia é os partidos abdicarem de apresentar alternativas políticas".

"O Bloco quer apresentar uma alternativa política ao rumo que o Governo escolheu, uma alternativa ao programa neoliberal que o Governo escolheu e nós não abdicamos dessa responsabilidade democrática e achamos que ela é importante para o país, porque a democracia perde potência quando de repente são tudo versões do mesmo projecto, do mesmo orçamento", defendeu.

Questionada sobre se esta era uma mensagem dirigida ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, a coordenadora do Bloco explicou que "a decisão de cada partido perante cada orçamento pertence apenas a cada partido" e reiterou que "a democracia perde qualidade e se reduz quando as alternativas são esmagadas perante uma pressão em nome de uma estabilidade que é fictícia".

"Os países em que este rolo compressor da governabilidade sugou todos os partidos acabaram com as extremas-direitas mais fortes. Nós temos a França como um bom exemplo do que aconteceu com a "macronização" da política. Vamos evitar que isso aconteça em Portugal e vamos apresentar alternativas fortes. O que fazem os restantes partidos, eu não posso comentar", concluiu.

A 16 de Julho a coordenadora do BE anunciou que o partido vai votar contra a proposta de Orçamento do Estado para 2025 e acusou o PS de contradição caso aprove o documento do Governo PSD/CDS-PP.

"Este é um orçamento que vira o país ao contrário. É um orçamento de desigualdades. É um orçamento que tira recursos de baixo para entregar em cima, sem resolver nenhum dos problemas do país. E é por isso que o Bloco de Esquerda votará contra este orçamento", anunciou então Mariana Mortágua, em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa.