O túnel de Foixarda, em Barcelona, esconde um verdadeiro tesouro de escalada, de utilização livre, composto por milhares de apoios de todas as formas, tamanhos e cores, e contribuiu para popularizar o desporto e transformá-lo num evento olímpico oficial.

“Há aqui muita paixão... E a recompensa é ver como as pessoas aderem ao desporto”, diz Manolo Sanchez, 58 anos, cuja dedicação transformou o antigo túnel rodoviário num ginásio urbano de escalada, cobiçado tanto pelos habitantes locais como pelos turistas. “Acho incrível que um desporto que era praticado por tão poucas pessoas seja agora um desporto olímpico.”

A escalada estreou-se nos Jogos Olímpicos de Tóquio e, no próximo mês, estará presente nos Jogos de Paris. Le Bourget é a única instalação desportiva construída especificamente para Paris 2024.

Sanchez começou a escalar no túnel em 1992, o ano dos Jogos Olímpicos de Barcelona, usando pedras e pedaços de madeira presos às paredes, antes de começar a fazer os próprios apoios em 1995.

Nessa altura, ele e os amigos só o podiam utilizar durante a noite, devido ao trânsito rodoviário, e referiam-se a si próprios como “vampiros”, um símbolo presente em muitas das peças caseiras de Sanchez. Sanchez paga os materiais com os rendimentos de um ginásio de escalada que gere e com donativos de alpinistas.

Equipado com mais de 9000 pegas, o túnel está agora aberto 24 horas por dia, 7 dias por semana e a utilização é gratuita.

“É uma grande prenda”, afirma a alpinista italiana Martina Detassis, 33 anos. “É um desporto muito caro”, acrescentou, citando os acessórios dispendiosos e as taxas de utilização de instalações de escalada noutros locais.

O filho de Sanchez, David Sanchez Carrera, de 18 anos, também ele alpinista, elogiou o trabalho do pai. “Sinto que, graças a ele, a escalada se expandiu”, disse. “Quer dizer, se este túnel não existisse, muitos alpinistas de hoje em dia não seriam quem são.”