Tribo remota fotografada em zona de actividade de madeireiros no Peru

As fotos foram divugadas pela Survival International, que alertou para o facto de a actividade madeireira estar a afectar a sobrevivência dos Mascho Piro, uma tribo remota.

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Não é comum que tantos membros da tribo sejam vistos em conjunto Survival International / VIA REUTERS
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Fotografias raras da tribo remota dos Mashco Piro, que habita uma zona peruana da Amazónia perto da fronteira com o Brasil, foram divulgadas esta quinta-feira, 28 de Julho, pela organização não-governamental (ONG) dedicada à protecção de tribos Survival International.

A zona onde a tribo foi avistada tem sido alvo da acção de madeireiros, o que levanta preocupações à ONG. Os possíveis contactos entre empresas madeireiras e tribos isoladas acarretam riscos para os membros das tribos.

"Estas imagens incríveis mostram que um grande número de pessoas dos Mashco Piro, um povo isolado, vive a poucos quilómetros do local onde madeireiros estão prestes a iniciar as operações", afirmou a directora da Survival International, Caroline Pearce. Já em 2012 a tribo tinha sido fotografada.

SURVIVAL INTERNATIONAL / VIA REUTERS
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O facto de terem sido vistos tantos membros da tribo juntos não é comum, segundo a porta-voz da ONG Teresa Mayo. ​"Todos os que aparecem nas imagens são homens, por isso presumimos que tenham saído em busca de comida", referiu a porta-voz, citada pela BBC.

Segundo a ONG, mais de 50 membros dos Mashco Piro apareceram perto da aldeia de Monte Salvado, do povo Yine, que não vive isolado, e outros 17 apareceram numa aldeia próxima, Puerto Nuevo. Os Yine, que conseguem comunicar com os Mashco Piro dada a proximidade das línguas que ambos falam, afirmaram que os membros dos Mashco Piro tinham expressado irritação com o aproximar dos madeireiros.

"Várias empresas madeireiras detêm concessões dentro do território que pertence ao povo Mashco Piro. A mais próxima fica a poucos quilómetros do local onde os Mashco Piro foram filmados", refere a ONG, no comunicado partilhado no site.

"Eles são caçadores-recolectores e precisam de grandes áreas de mata para conseguir os seus alimentos. Portanto, esta reunião de vários grupos pode ser uma forma extrema de procura de alimentos devido ao impacto que [a extracção de madeira] está a causar no território", contou Teresa Mayo à BBC.

Segundo a Reuters, os Mashco Piro foram vistos também do outro lado da fronteira, no Brasil. Rosa Padilha, membro do Conselho Indigenista Missionário do estado brasileiro fronteiriço do Acre, afirma que os Mashco Piro "fogem dos madeireiros do lado peruano”. “Nesta época do ano, aparecem nas praias para caçar os ovos de tracajá (tartaruga-da-amazónia). É quando encontramos as pegadas deles na areia. Eles deixam para trás muitas carapaças de tartaruga”, acrescentou.

Segundo a BBC, os encontros do mundo exterior com a tribo têm tido consequências violentas, devido ao medo que os Mashco Piro têm destes contactos. Em 2011 foi reportado um ataque violento com flechas a um grupo de turistas que passavam por território da tribo, classificada como seminómada. No mesmo ano, um homem que tentava contactar com os Mashco Piro há vários anos morreu vítima de um ataque. Já em 2015, outra pessoa que passeava pela floresta morreu atingida por uma flecha no peito.

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