Orbán revela que Trump tem plano para conversações entre Moscovo e Kiev

Depois de um périplo entre Kiev, Moscovo, Pequim e Florida, o primeiro-ministro húngaro diz que os planos de Trump passam por forçar a Ucrânia a entrar em negociações com a Rússia.

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Orbán reuniu-se com Trump na semana passada HANNIBAL HANSCHKE / EPA
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O primeiro-ministro conservador húngaro, Viktor Orbán, transmitiu aos líderes europeus que Donald Trump, candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, vai exigir conversações de paz entre a Rússia e a Ucrânia caso venha a ser eleito em Novembro.

Donald Trump já tem "planos bem fundamentados" com vista às conversações, disse Viktor Orbán, numa mensagem enviada aos líderes europeus citada hoje pelo jornal britânico Financial Times.

Para o primeiro-ministro da Hungria, esta perspectiva implica que a União Europeia (UE) deve reabrir contactos diplomáticos directos com a Rússia e iniciar negociações de alto nível com a República Popular da China para "se encontrar uma solução pacífica" à guerra na Ucrânia.

Esta posição foi transmitida por Orbán aos líderes europeus, após as recentes consultas que efectuou em Moscovo e junto das autoridades de Pequim.

Na mesma missiva – após contactos com os líderes russo, Vladimir Putin, chinês, Xi Jinping, e ucraniano, Volodymyr Zelensky – o primeiro-ministro húngaro diz que, de acordo com as entidades consultadas, a "intensidade do conflito militar vai aumentar radicalmente, a breve prazo".

Segundo o Financial Times, Moscovo tem dependido "em grande parte" de Pequim para prosseguir o conflito em território ucraniano.

Por outro lado, o jornal refere que Orbán tem mantido contactos com o chefe de Estado russo, o Presidente chinês e com Donald Trump, candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos nas eleições que se realizam no próximo mês de Novembro.

O Financial Times recorda que Orbán exerce a presidência rotativa da União Europeia e que "existe receio" de que o primeiro-ministro húngaro venha a apoiar "um acordo de paz" enquanto a Rússia controla grandes extensões de território no leste da Ucrânia.

Esta posição, diz o jornal, pode afectar a "determinação ocidental" que apoia a integridade territorial de Kiev sobre todas as regiões ucranianas.

"Não podemos esperar nenhuma iniciativa de paz por parte [de Trump] até às eleições. Mesmo assim posso afirmar com segurança que pouco depois da vitória eleitoral, [Trump] não vai esperar até à tomada de posse porque está preparado para agir de imediato como mediador de paz", escreveu Orbán na carta enviada ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel e a "outros líderes da União Europeia".

"Estou mais do que convencido de que, após a provável vitória do Presidente Trump, as relações financeiras entre os Estados Unidos e a União Europeia vão mudar significativamente com desvantagens para a UE, no que diz respeito ao apoio financeiro à Ucrânia", escreveu Orbán na mesma carta.

O primeiro-ministro da Hungria tem sido apontado como o líder europeu "mais pró-russo da União Europeia que criticou as sanções ocidentais contra Moscovo, o apoio militar à Ucrânia e exigiu um cessar-fogo e conversações de paz".

As posições de Orbán contrastam com a posição conjunta da União Europeia sobre a ajuda à Ucrânia e de "que apenas Kiev pode decidir o momento para negociar com a Rússia".