Carlos Alcaraz é o mais novo a alcançar o “Channel Slam”
O tenista espanhol de 21 anos impôs-se a Novak Djokovic e ainda não perdeu nenhuma das quatro finais de majors que disputou.
Quatro finais do Grand Slam, quatro títulos. É este o balanço da contabilidade de Carlos Alcaraz nas quatro maiores provas do ténis mundial. O espanhol é o segundo na Era Open a apresentar este resultado positivo, repetindo o feito de Roger Federer. Só que Alcaraz bate o suíço em precocidade. Ao derrotar categoricamente Novak Djokovic na final de Wimbledon, o tenista de Murcia repetiu o feito alcançado cinco semanas antes, quando triunfou em Roland Garros, e elevou o número de “Slams” para quatro, com apenas 21 anos.
Alcaraz é o nono tenista na Era Open a defender o título em Wimbledon com sucesso e o sexto (e mais novo) homem a completar o Channel Slam (Roland Garros e Wimbledon no mesmo ano), imitando Rod Laver (1969), Bjorn Borg (1978, 1979 e 1980), Rafael Nadal (2008 e 2010), Roger Federer (2009) e Novak Djokovic (2021). Para além disso, repetiu o feito de Bjorn Borg, Mats Wilander e Boris Becker, que conquistaram quatro majors antes de completarem sequer 22 anos.
“Obviamente que vi e ouvi todas as estatísticas e tento não pensar muito nisso. É um grande início de carreira, mas tenho de continuar o meu caminho e no final da minha carreira quero sentar-me à mesma mesa com os grandes. É esse o meu sonho neste momento. Não interessa se venci quatro Grand Slams com 21 anos, se não continuar a ganhar esses torneios, isso não tem interesse para mim. Não sei qual é o meu limite e não penso nisso. Só quero desfrutar do momento e continuar a sonhar. Veremos no fim da carreira se são 25, 30, 14, quatro…”, disse Alcaraz.
“Melhor mentalmente”
Na conferência de imprensa, o tenista espanhol reconheceu os progressos realizados nos últimos meses, em concreto no capítulo da maturidade, após perder com Daniil Medvedev no US Open, em quatro sets. “Lembro-me perfeitamente, desisti um pouco no segundo set após perder o primeiro, o que é inaceitável quando se joga num Grand Slam. Sei que essas coisas não podem repetir-se e isso ajudou-me nos torneios seguintes a ser melhor mentalmente, a ser suficientemente forte e a jogar o melhor ténis em situações apertadas e difíceis”, admitiu Alcaraz, que irá manter-se no terceiro lugar do ranking, atrás de Jannik Sinner e Djokovic.
Com o primeiro jogo (e break) da final a ultrapassar os 13 minutos, muitos pensaram que se ia assistir a um longo encontro, mas, ao fim de uma hora e 15 minutos, Alcaraz já liderava por dois sets a zero, muito graças à eficácia do primeiro serviço: 86% contra 57%.
Novak Djokovic, limitado na sua preparação para Wimbledon devido à operação ao joelho direito a que foi submetido no dia 5 de Junho, só teve uma oportunidade (não aproveitada, a 3-3 do terceiro set) de quebrar o serviço adversário antes de o espanhol servir para fechar o encontro, a 5-4 (40-0). Com a ajuda dos erros de Alcaraz, o sérvio anulou três match-points e, ao ganhar nove em dez pontos, passou para a frente (6-5). No tie-break, e apesar de ter perdido uma vantagem inicial de 3/1, Alcaraz não tremeu quando dispôs de mais um championship-point e concluiu a final em duas horas e 27 minutos, com os parciais de 6-2, 6-2 e 7-6 (7/4).
A disputar a final de Wimbledon pela 10.ª vez na carreira, Novak Djokovic (2.º no ranking mundial) procurava o oitavo título na prova e 25.º do Grand Slam, mas só no terceiro set conseguiu incomodar Alcaraz. “Não foi o resultado que queria e, nos primeiros dois sets, o meu nível de ténis esteve abaixo do exigido, mas mérito para o Carlos por jogar um ténis espantoso”, vincou, antes de se referir aos problemas físicos recentes: “Tenho de estar orgulhoso. Quando penso nas últimas quatro, cinco semanas e no que passei, tenho de admitir que estou muito satisfeito.”
O sérvio de 37 anos admitiu estar, este ano, abaixo do nível dos jovens Sinner e Alcaraz, e afirmou estar motivado para voltar ao seu melhor. “Ser capaz de chegar à final de Wimbledon dá uma grande dose de confiança. Mas senti que, num embate contra o melhor do mundo da actualidade, a par de Jannik, não estou ao mesmo nível. Se quiser ter uma hipótese de vencer estes tipos numa fase adiantada de Grand Slams ou Jogos Olímpicos, vou ter que jogar muito melhor e sentir-me muito melhor do que hoje. Não é nada por que não tenha passado antes na minha vida. Face à adversidade, eu normalmente levanto-me, aprendo e fico mais forte. É o que vou fazer”, prometeu Djokovic.