Pedro Nuno defende que Forças Armadas não podiam ficar de fora de negociações salariais

Esperando que “se chegue a acordo com diferentes sectores da administração pública”, o secretário-geral do PS deixou claro: “Isso tem o apoio do Partido Socialista.”

Foto
Pedro Nuno Santos falou durante a visita à obra do Bairro Padre Cruz, em Carnide, Lisboa ANTÓNIO PEDRO SANTOS / LUSA
Ouça este artigo
00:00
03:27

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O líder do PS considerou esta sexta-feira, 12 de Julho, que as Forças Armadas "não podiam ficar de fora" da valorização salarial e vê com "bons olhos" as negociações, defendendo que só a situação financeira deixada pelo Governo socialista permite responder às reivindicações.

No final de uma visita à obra do Bairro Padre Cruz, em Lisboa, Pedro Nuno Santos foi questionado sobre o anúncio feito na véspera pelo primeiro-ministro de que o Governo irá "colocar em marcha" o processo negocial com os militares com vista a uma valorização remuneratória.

"O que é importante de referir é que, de facto, e nós dissemos isso ao longo de toda a campanha, foi deixada uma boa situação orçamental e financeira que permite ao Governo dar resposta a reivindicações da administração pública", começou por responder.

Para o líder do PS, "a partir do momento em que se consegue dar resposta a alguns sectores", as Forças Armadas "não podiam ficar de fora". "E por isso nós vemos com bons olhos que sejam encetadas negociações com as Forças Armadas", enfatizou.

Esperando que "se chegue a acordo com diferentes sectores da administração pública", Pedro Nuno Santos deixou claro: "Isso tem o apoio do Partido Socialista."

"A nossa avaliação do trabalho do Governo não se restringe à resposta às reivindicações legítimas de diferentes grupos profissionais da administração pública", mas tem também em conta a "avaliação daquilo que tem sido apresentado como solução para os problemas portugueses, e nós achamos que as soluções são erradas, são injustas, não vão resolver problemas, vão criar novos problemas", ressalvou.

Questionado sobre a notícia desta sexta-feira do PÚBLICO de que Hugo Mendes — que foi seu secretário de Estado e um dos principais rostos na polémica indemnização à antiga CEO da TAP Christine Ourmières-Widener o está assessorar como líder do PS, Pedro Nuno Santos recusou qualquer problema quanto a esta escolha e mostrou-se tranquilo em relação à mesma.

"É um dirigente do Partido Socialista que está a dar a sua contribuição ao secretário-geral, a mim, e é com muito gosto que tenho oportunidade de trabalhar com ele", disse apenas.

Falta de resposta para famílias que não são ajudadas pelo PRR

Concretamente sobre a visita que fez esta manhã, Pedro Nuno Santos sublinhou que as "obras estão já na fase de finalização" e que a sua primeira pedra foi lançada em 2022 pelo Governo do PS ao qual pertenceu.

"O PRR financia esta construção a 100%, mas o Estado português tem de encontrar financiamento para continuarmos este esforço de alargamento do parque público habitacional em Portugal, para dar resposta às necessidades não só das famílias que já hoje vivem em situação de indignidade, mas perante todas as famílias que estão também à procura de casa", apontou.

Para dar esta resposta, segundo o antigo ministro com a pasta da Habitação, é preciso "capacidade orçamental do Estado português" porque "são dezenas de milhares de famílias identificadas como vivendo em situação de indignidade".

"O PRR é uma grande ajuda porque dá resposta a 26 mil famílias, mas obviamente ele tem uma capacidade limitada face àquelas que são as necessidades do país", explicou, lamentando que o Governo português opte por "desperdiçar milhares de milhões de euros em receita fiscal que vão ser destinados a quem menos precisa" e que reduzem a capacidade de resposta por exemplo na habitação.

Pedro Nuno Santos deixou uma pergunta ao Governo de Luís Montenegro: "Qual é que é a resposta que vai ser dada às dezenas de milhares de famílias que não têm resposta no PRR e que já todos sabíamos que não teriam?"

"No passado, tivemos oportunidade de dizer que o Orçamento de Estado, que o Estado português teria de assumir essa responsabilidade para continuarmos este esforço, mas até agora não tivemos uma única resposta por parte do Governo sobre como financiar a resposta às famílias que não têm lugar no quadro do PRR", enfatizou.