Com uma moção para proceder ao arquivamento do caso por dúvidas sobre as munições, a juíza ordenou que o júri saísse da sala para poder ouvir testemunhos e argumentos. Por isso, os jurados não viram Alec Baldwin a sussurrar qualquer coisa ao seu advogado, a levantar-se e a sair da sala do tribunal em plena audiência.
O momento suscitou espanto, inclusive no causídico, a julgar pela sua expressão, e levou alguns meios a apontarem o facto de naquele preciso instante a procuradora ter afirmado que Baldwin mentiu ao ter dito que não premira o gatilho no disparo que resultou na morte da directora de fotografia Halyna Hutchins.
No entanto, poucos minutos depois, o actor regressava com um copo de café na mão. Apesar de parecer inocente, não falta quem afirme que este comportamento denuncia o estatuto de privilegiado de Baldwin e que a qualquer outro no seu lugar não seria admitida tal atitude.
Julgamento suspenso
O julgamento por homicídio involuntário de Alec Baldwin foi suspenso, nesta sexta-feira, enquanto a juíza analisa um pedido da defesa para arquivar o processo por causa de dúvidas sobre as munições.
A defesa apresentou a moção, acusando a investigação que lhe ter ocultado munições que coincidiriam com a bala que matou Hutchins, e um investigador da polícia testemunhou que outro actor, Jensen Ackles, também tinha uma arma com munições activas.
Além disso, durante o interrogatório a uma técnica que analisou a cena do crime, o advogado de Baldwin, Alex Spiro, sugeriu que as autoridades foram excessivamente brandas com o fornecedor de armas de fogo do filme, Seth Kenney, e que não investigaram suficientemente se ele era responsável pela munição fatal que chegou ao cenário.
Agora, a juíza pode decidir o arquivamento, mas também por continuar com o julgamento, informando os jurados que o Estado reteve as balas porque sabia que seriam úteis à defesa.
Baldwin sob fogo
Alec Baldwin é o primeiro actor a enfrentar uma acusação de homicídio involuntário relacionada com um acidente durante a rodagem de um filme, contando com o apoio do sindicato Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists, que declarou que nenhum actor tem entre as suas responsabilidades verificar a presença de balas verdadeiras numa arma usada em cenário.
No entanto, Baldwin corre o risco de ser julgado mais pelo seu comportamento do que pelo tiro que vitimou a colega. Primeiro, por ter dito que não premiu o gatilho, o que técnicos, especialistas em armas e fabricantes contestaram, dando a entender que o actor mentiu. Depois, por ter exibido um comportamento negligente com as armas e de ter brincado “ao faz-de-conta”. E, por fim, por um telefonema à mulher, feito poucas horas após o incidente, que a defesa pretendia manter fora do julgamento, mas que a juíza decidiu que os jurados podem ouvir.
Na conversa com Hilaria, Alec Baldwin encorajou-a a manter os planos de férias da família, pouco depois de duas pessoas terem sido baleadas. A advogada de defesa, Heather LeBlanc, argumentou que as declarações deviam ser retiradas, mas a procuradora fez ver que aquelas reflectiam o estado de espírito do arguido e contrariariam a posição da defesa de que Baldwin estava devastado pelo incidente.
“Ele (Baldwin) sabe que ela está gravemente ferida, que está tão ferida que foi levada num helicóptero”, disse Morrissey. “Na verdade, ele está basicamente a planear umas férias, diz à família ainda ‘vem ao Novo México, que nos vamos divertir’.”