Pelo menos 89 mortos em naufrágio de barco com migrantes na Mauritânia
Barco de pesca com 170 pessoas a bordo naufragou a quatro quilómetros da costa na cidade de Ndiago. Só nove foram resgatadas com vida: há 89 mortes confirmadas e 72 migrantes estão desaparecidos.
Pelo menos 89 pessoas morreram quando o barco de pesca em que tentavam chegar à Europa naufragou ao largo da costa da Mauritânia, no Nordeste do continente africano, nesta segunda-feira, 1 de Julho. Nove pessoas foram resgatadas com vida pela Guarda Costeira do país, mas 72 migrantes continuam desaparecidos. Haveria 170 pessoas a bordo da embarcação, que tinha partido da fronteira entre o Senegal e a Gâmbia, na África Ocidental.
De acordo com os relatos dos sobreviventes, noticiados quatro dias após o acidente pela Aljazeera e por vários meios de comunicação social ocidentais, o barco naufragou por causa dos ventos fortes e das correntes intensas que se registam na rota que estes migrantes tentam completar para chegar ao continente europeu. Nestas tentativas de emigração, as embarcações em que os migrantes tentam viajar, normalmente até às Ilhas Canárias, em Espanha, costumam estar superlotadas e os tripulantes viajam habitualmente sem condições de segurança.
O naufrágio da embarcação ocorreu a quatro quilómetros da costa na cidade de Ndiago. O número de vítimas mortais, sobreviventes e desaparecidos foi confirmado à agência de notícias AFP por um membro do Governo da Mauritânia. Uma das pessoas resgatadas com vida é uma menina de cinco anos, o que leva a crer que possa haver mais crianças entre os mortos e os desaparecidos.
Só entre Janeiro e Maio deste ano, mais de 5000 migrantes morreram a tentar chegar às Ilhas Canárias, uma porta de entrada para a Europa, através do Oceano Atlântico. A alternativa é um percurso feito por terra, que atravessa o deserto do Sara e depois o mar Mediterrâneo, que já terá sido procurado por 72 mil pessoas, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Estima-se, contudo, que essa rota seja responsável pelo dobro das mortes verificadas por via marítima, uma vez que passa por territórios “onde operam grupos insurrectos, milícias e outros actores criminosos, e onde o tráfico de seres humanos, o rapto para resgate, o trabalho forçado e a exploração sexual são frequentes”. É isso o que diz um novo relatório, publicado precisamente nesta sexta-feira, da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Mixed Migration Centre, um centro de investigação sobre os fenómenos de migração mista — isto é, movimentos migratórios que incluem não só refugiados, mas também vítimas de tráfico humano e trabalhadores migrantes, por exemplo.