Pelo menos 50 pessoas morreram afogadas em naufrágio de barco senegalês nas Canárias
Nove pessoas foram resgatadas da embarcação, que saíra há nove dias do Senegal e transportava 60 migrantes africanos em direcção à Europa.
Na manhã de segunda-feira, um barco proveniente do Senegal começou a afundar-se a cerca de 100 quilómetros a sul da ilha de El Hierro, nas Canárias. Transportava 60 pessoas que, segundo a equipa de resgate Salvamento Marítimo , citada pelo The Guardian, eram provenientes da África Subsariana e se dirigiam a Espanha.
“O helicóptero chegou, resgatou nove pessoas do barco semi-submerso e levou-as ao aeroporto de El Hierro, onde foram recebidas pela equipa médica”, garantiu o porta-voz da equipa de salvamento, que foi alertada pela tripulação de um navio cargueiro que passava pela embarcação. Acredita-se que pelo menos 50 pessoas que ficaram no navio terão morrido.
A equipa de resgate contou ainda ao The Guardian que a polícia espanhola tinha alertado para que 60 pessoas estariam no barco quando este deixou a cidade senegalesa de Mbour (a cerca de 100 quilómetros da capital, Dacar), nove dias antes.
O percurso realizado por este barco é já comum: segundo o Ministério do Interior de Espanha, 16.621 migrantes chegaram a solo espanhol por barco entre 1 de Janeiro e 15 de Abril desde ano. Ainda assim, a viagem é considerada extremamente perigosa: a organização sem fins lucrativos Caminando Fronteras levou a cabo um relatório que estima que 6618 pessoas, incluindo 384 crianças, tenham morrido ao tentar chegar à costa espanhola em 2023, o que se traduz em 18 mortes por dia.
Segundo o Le Monde, que cita a agência fronteiriça da UE, Frontex, senegalesas e marroquinas são as nacionalidades mais comuns dos migrantes que chegam às Canárias por esta via. Há cerca de dois meses, um navio senegalês sofreu um naufrágio perto da costa Norte do país, que resultara na morte de 20 pessoas. No ano passado, um barco proveniente do Senegal foi encontrado à deriva perto de Cabo Verde e 60 pessoas desapareceram. Ao longo do ano, outros naufrágios de navios senegaleses foram responsáveis por mortes e desaparecimentos.
Este mês, dia 10, a União Europeia fez aprovar, após quatro anos de discussão, um novo conjunto de medidas que reformam a política de migrações e asilo. Agora, vai existir um maior controlo de fronteiras e mais rápida transferência de quem não tem direito a asilo. Ainda assim, este pacto foi contestado por mais de 160 organizações de direitos humanos (incluindo a Amnistia Internacional), que se opuseram às medidas e garantiram que o acordo origina ainda mais desprotecção aos migrantes.
Texto editado por Ivo Neto