Cerca de 90% dos habitantes de Gaza tiveram de fugir de casa desde o início da guerra

Dados da ONU mostram que a esmagadora maioria da população do território palestiniano foi alvo de deslocações forçadas, em alguns casos dez vezes nos últimos meses. Pessoas são “peões num tabuleiro”.

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Israel continua a atacar a Faixa de Gaza Mohammed Salem / REUTERS
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Cerca de 90% da população da Faixa de Gaza foi forçada a abandonar as suas casas pelo menos uma vez desde que Israel lançou a guerra contra o Hamas, há quase nove meses, de acordo com a ONU.

Actualmente, estão deslocados cerca de 1,9 milhões de pessoas em Gaza, segundo o director do Gabinete para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU nos territórios palestinianos, Andrea De Domenico.

“Calculamos que nove em cada dez pessoas na Faixa de Gaza tenham sido deslocadas internamente pelo menos uma vez, se não até dez vezes, infelizmente, desde Outubro”, afirmou o responsável, citado pela AFP.

A dimensão do número de deslocados internos em Gaza é mais um indicador que permite vislumbrar a magnitude da catástrofe humanitária causada pela ofensiva israelita no território ao longo dos últimos meses.

“Antes as nossas estimativas eram de 1,7 [milhões de deslocados], mas desde então tivemos a operação em Rafah e tivemos mais desalojamentos. Depois também tivemos operações no Norte que também causaram deslocações de pessoas”, explicou De Domenico.

O responsável da ONU disse que a ofensiva israelita cortou a Faixa de Gaza em dois, deixando mais de 300 mil pessoas na zona Norte sem conseguirem viajar até ao Sul, que inicialmente estava a salvo dos combates.

Desde o início do conflito, cerca de 110 mil pessoas conseguiram abandonar a Faixa de Gaza através da passagem de Rafah para o Egipto, que está encerrada desde Maio.

“Por trás destes números estão pessoas (…) com medos e ressentimentos. E também tinham sonhos e esperanças; hoje, cada vez menos, receio”, disse De Domenico. “Nos últimos nove meses, as pessoas foram movimentadas como se fossem peões num tabuleiro”, lamentou.

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