Israel autoriza saída de crianças doentes de Gaza pela primeira vez em semanas

No mesmo dia, pelo menos quatro crianças foram mortas numa incursão militar israelita no bairro de Shejaiya, na cidade de Gaza.

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Campo de refugiados em Khan Younis, na Faixa de Gaza HAITHAM IMAD
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Esta quinta-feira, e pela primeira vez desde que Israel detém o controlo de todas as passagens fronteiriças da Faixa de Gaza, um grupo de doentes a precisar de assistência médica urgente, incluindo crianças, foi retirado para o Egipto.

Há quase dois meses, Israel assumiu o controlo da única passagem fronteiriça por onde os palestinianos podiam fugir para o Egipto, localizada em Rafah. Já antes do avanço terrestre das Forças de Defesa para o Sul, a população de Gaza estava dependente de autorização israelita para sair do enclave. A situação agravou-se em Maio, quando todas as saídas foram bloqueadas, mesmo para doentes e feridos graves.

Entre os 21 menores que esta quinta-feira puderam atravessar Kerem Shalom, na fronteira com Israel, de onde partiram para o Egipto, vários são doentes oncológicos.

Hanan Balkhy, directora regional das Nações Unidas para o Mediterrâneo Leste, saudou o passo dado esta quinta-feira, mas lembrou que ainda existem mais de 10.000 pacientes a precisar de cuidados médicos prestados fora da Faixa de Gaza.

"Das 13.872 pessoas que pediram autorização de saída por motivos de saúde desde 7 de Outubro, apenas 35% foram retiradas, com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos seus parceiros", escreveu Balkhy na rede social X.

"É urgente criar corredores de evacuação médica para a passagem permanente, organizada e segura de doentes de Gaza em estado crítico", acrescentou, apelando à abertura dos postos fronteiriços de Rafah e Kerem Shalom.

Após quase nove meses de contínua agressão israelita à Faixa de Gaza, foram encerrados ou destruídos 19 dos 36 hospitais de Gaza; os restantes 17 estão a funcionar apenas parcialmente. Esta quinta-feira, o Crescente Vermelho anunciou também a paragem de 18 ambulâncias por falta de combustível (cerca de 36% da sua frota).

O Hospital da Amizade Turco-Palestiniana na cidade de Gaza, o único instituto oncológico do enclave, está encerrado desde o início de Novembro, altura em que foi alvo de bombardeamentos israelitas. Desde então que milhares de doentes oncológicos esperam por tratamentos.

A operação desta quinta-feira foi liderada pelo Exército israelita, em coordenação com a Organização Mundial da Saúde e unidades militares norte-americanas e egípcias.

Nova incursão israelita na cidade de Gaza mata quatro crianças

Ainda esta quinta-feira, tanques israelitas voltaram a irromper no bairro de Shejaiya, na cidade de Gaza, onde diversos bombardeamentos mataram sete palestinianos, incluindo quatro crianças. Dezenas ficaram feridos.

Foi no mesmo bairro que, em Dezembro passado, as forças israelitas mataram por engano três reféns do Hamas. Segundo a justificação do porta-voz militar Daniel Hagari, tinham sido “erroneamente identificados como uma ameaça", apesar de segurarem lenços brancos.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) decidiram desta forma regressar a zonas da Faixa de Gaza onde já tinham anunciado a conclusão das suas operações, quando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enunciou como principal objectivo a eliminação do Hamas.

Na zona Centro, de acordo com a agência de notícias palestiniana Wafa, quatro civis foram mortos e outros 16 ficaram feridos, vítimas de ataques ao campo de refugiados de Nuseirat. Em Khan Younis, as IDF referiram ter atacado um “quartel” do Hamas, onde estariam a ser planeadas ofensivas contra as tropas do Estado judaico, alegam.

Desde Outubro do ano passado, já foram mortos mais de 37.700 palestinianos na Faixa de Gaza, a maioria mulheres e crianças. Com Lusa

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