O calor do Verão traz novo sofrimento para os palestinianos em Gaza

Famílias vivem em tendas, em abrigos apinhados e enfrentam a subida das temperaturas sem água, ar condicionado, alimentação suficiente ou um sistema de saúde.

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Um rapaz palestiniano passa pelos destroços de uma escola bombardeada pelos israelitas em Khan Younis, na Faixa de Gaza Hatem Khaled/REUTERS
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O tempo quente e sufocante do Verão na Faixa da Gaza está a agravar as condições precárias de sobrevivência dos 2,3 milhões de palestinianos que foram expulsos das suas casas pela campanha militar de Israel, e onde quase não há electricidade e pouca água potável.

As famílias que estão reduzidas a viver em tendas, em abrigos apinhados nas escolas das Nações Unidas ou amontoadas em casas particulares, enfrentam o aumento das temperaturas no Verão sem ar condicionado, sem chuveiros. Não existe sequer um sistema de saúde a funcionar, embora sejam cada vez mais elevadas as taxas de desnutrição e doenças infecto-contagiosas. Metade da população corre o risco de morrer à fome, alertou a ONU no início de Junho.

Numa sala de aula que diferentes famílias partilham como abrigo em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, Amal Nsair, 38 anos, diz recear os efeitos para a saúde que trará a subida da temperatura e da humidade, bem como o aumento do número de mosquitos e de outros insectos.

O seu filho não consegue dormir e ela não tem nada para o refrescar, excepto um leque feito de cartão. A casa onde vivia a sua família situava-se em Beit Hanoun, no Norte da Faixa de Gaza, de onde fugiram no início do conflito.

"O corpo do meu filho está cheio de calor. Antigamente, eu lavava-o, para o arrefecer, mas preciso de água. Também estou muito preocupada com a saúde do meu marido. Ele perdeu metade do peso por andar a carregar água", disse ela.

Esta semana, prevê-se que as temperaturas em Gaza ultrapassem os 30 graus Celsius. Nos últimos anos, tem havido uma série de ondas de calor letais em todo o Mediterrâneo, à medida que o Verão avança.

A electricidade de Gaza era em grande parte fornecida por Israel, mas foi cortada logo que a guerra começou, juntamente com o combustível (diesel) para pôr a funcionar a única central eléctrica do território. O gasóleo para abastecer os geradores privados esgotou-se pouco depois.

Esta fase da guerra começou quando o braço armado do grupo islamista palestiniano Hamas enviou combatentes para o outro lado da fronteira a partir de Gaza, a 7 de Outubro de 2023, num ataque em que morreram mais de 1200 israelitas, na sua maioria civis, e fazendo 253 reféns, de acordo com os registos israelitas.

A campanha militar israelita começou no mesmo dia e arrasou vastas áreas do enclave palestiniano, destruindo a maior parte das infra-estruturas. Mais de 37.600 palestinianos, a grande maioria civis, foram mortos até agora, de acordo com as autoridades sanitárias de Gaza, controladas pelo Hamas.

"Os insectos e os mosquitos picam-nos durante toda a noite. Não durmo para poder aplicar creme no meu filho, qualquer tipo de pomada ou creme, para que ele não seja picado pelos mosquitos. Eles passam a noite toda a coçar-se", disse Nsair.