Países Baixos vão ter de passar pelo “guarda-costas” da Roménia
Ronaldo inspirou a dieta e o treino de Radu Dragusin e chegou a falar com Varandas sobre este romeno que se destaca no Europeu. Para uns, é o “novo Van Dijk”. Para outros, é o “Van Dijk dos pobres”.
Nesta terça-feira, a Allianz Arena vai dar, no Roménia-Países Baixos (17h, Sport TV1), uma montra tremenda para tirar teimas sobre Radu Dragusin. Para uns, o central romeno é o “guarda-costas” e o “novo Van Dijk”. Para outros, é um jogador com mais parra do que uva, daqueles que celebram cortes aparentemente banais e jogam mais na exuberância do que na discrição – ou o “Van Dijk dos pobres”, como também já se pôde ler.
Pelo que já se pôde ver neste Euro 2024, há ali talento, já que Dragusin tem sido dos melhores romenos na prova e já tinha exibido bons predicados na Liga italiana. Mas não teve, noutras latitudes, a oportunidade de se exibir na Liga inglesa, que o recebeu em Janeiro, pela mão do Tottenham, como romeno mais caro de sempre, já acima de Adrian Mutu.
Aos 22 anos, Dragusin, que pode ser um bom antídoto para Depay, Gakpo ou mesmo o "pinheiro" Weghorst, já leva muita história nas costas e é uma figura bastante rica. Este especialista em cubos de Rubik, talento que exibe nos balneários que frequenta, começou a jogar voleibol, como o pai, e basquetebol, como a mãe, mas acabou por não seguir as pisadas desses dois internacionais romenos – acabou no futebol.
Desde cedo foi comparado a Virgil van Dijk, pela capacidade com bola, compostura e bom posicionamento sem ela, epíteto que o próprio justificou ao apontar o neerlandês como modelo que segue. Mas não só.
Quando actuou na Juventus, mesmo que em apenas quatro jogos, foi colega de Cristiano Ronaldo, que, segundo o Guardian, lhe moldou o trabalho: Dragusin segue a dieta de Ronaldo e tornou-se um fanático de ginásio, como o português.
E Ronaldo chegou a ser uma possível ponte entre Dragusin e Frederico Varandas. "Enquanto estávamos no ginásio com a equipa, o Cristiano disse-me que o presidente do Sporting lhe tinha ligado e que estava interessado em mim. Isto numa altura em que tinha de decidir se ficava ou não na Juventus”, contou, em entrevista ao canal romeno Playsport.
Apesar de ser chamado “guarda-costas”, como elogio à imagem imponente num homem de poucas falas, não teve sucesso em Turim nem pôde chegar a Alvalade. E também não foi muito melhor na Sampdoria e na Salernitana, prestando-se a descer à Série B.
Lá, com o Génova, deu o salto qualitativo e competitivo que o levou à Série A, primeiro, e ao Tottenham, já início deste ano. No dia em que aceitou essa mudança – e diz ter recusado o Bayern – correu o risco de não estar no Europeu.
Desde Janeiro, participou em apenas nove partidas com a equipa londrina e só o facto de ser uma potencial estrela lhe garantiu o lugar na selecção romena, ambiente no qual se destaca de forma clara.
Em Inglaterra, chegou a ser criticado pelo internacional inglês Danny Murphy, que lhe elogiou as virtudes, mas também apontou, na BBC, à extravagância do romeno, com tendência estranha para celebrar os seus cortes, mesmo que banais.
Dragusin também já esteve na berlinda por ter tido o seu nome envolvido no caso de apostas que apanhou Nicolò Fagioli, jogador da Juventus que o apontou como um dos jogadores que lhe emprestaram dinheiro. Surgiram questões sobre se Dragusin sabia dos problemas de Fagioli – e, portanto, se deveria ter falado das apostas desportivas à justiça –, mas o romeno diz que não sabia de nada.
Voleibol, basquetebol, empréstimos para apostas desportivas, “ronaldices”, cubos de Rubik, exuberância criticada, interesse “leonino” e epítetos imponentes. Radu Dragusin é uma personagem rica e um futebolista que tem exibido talento.
A última opção de carreira poderia ter-lhe tirado o Europeu, mas não tirou. E lá anda ele, na Alemanha, a preparar-se para ser a grande barreira entre os Países Baixos e os quartos-de-final do Euro 2024.