Com o joelho inteiro, Novak Djokovic procura oitavo título em Wimbledon

Sem dores, o sérvio tenta recuperar o domínio na relva britânica enquanto pensa nos Jogos Olímpicos. A Carlos Alcaraz e Iga Swiatek cabe a tarefa rara de alcançarem o “Channel Slam”.

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Novak Djokovic a treinar antes de entrar em acção em Wimbledon Hannah McKay / REUTERS
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Poucos acreditavam que Novak Djokovic fosse capaz de recuperar da operação ao joelho direito, no seguimento do abandono nos oitavos-de-final do torneio de Roland-Garros, e estar em condições de competir nos Jogos Olímpicos e muito menos em Wimbledon. Inspirado pelo colega Taylor Fritz, que, em 2021, realizou uma recuperação célere, o tenista sérvio de 37 anos realizou, menos de quatro semanas após a cirurgia, um derradeiro teste num encontro de exibição, durante o qual assegurou não ter sentido dores, pelo que está apto para tentar reaver o título na relva britânica, depois de o ter perdido no ano passado para Carlos Alcaraz.

Esse seria o único dos quatro majors que Djokovic não venceu em 2023, só que esta época tem tido protagonistas diferentes. Jannik Sinner sucedeu ao sérvio no palmarés do Open da Austrália e Alcaraz inscreveu o seu nome na lista de campeões de Roland-Garros. A falta de resultados e a quase inexistente rodagem sobre uma superfície tão específica como é a relva levam a deixar Djokovic de fora da lista de candidatos ao triunfo, mesmo que os seus sete troféus erguidos no court central do All England Club o coloquem entre os maiores de sempre da história do torneio. Mas para quem tem como grande objectivo para 2024 a conquista da medalha de ouro olímpica, este regresso à competição é um grande motivo para sorrir.

“Jogar sem dores é o melhor que há. Foram três semanas intensas, com muitas horas passadas na reabilitação. O meu cirurgião é o MVP [Most Valuable Player], sem dúvida”, fez questão de frisar o número dois do ranking, depois de derrotar Daniil Medvedev, por 6-3, 6-4, no Hurlingham’s Giorgio Armani Tennis Classic. Djokovic é um dos cinco tenistas que, na Era Open (desde 1968), alcançou o raro feito de vencer os dois majors europeus no mesmo ano, conhecido como Channel Slam – juntamente com Rod Laver, Bjorn Borg, Rafael Nadal e Roger Federer.

É essa a proeza que Alcaraz procura alcançar nos próximos 15 dias. Ao espanhol de 21 anos, campeão em título, caberá abrir a 137.ª edição do torneio no mais emblemático court do mundo nesta segunda-feira, diante do estoniano Mark Lajal (262.º do ranking) – que eliminou Henrique Rocha na segunda ronda do qualifying. O tenista espanhol surpreendeu no ano passado ao vencer, primeiro, o torneio de Queen’s – onde chegou com uma experiência mínima em relva – e, três semanas depois, com o triunfo na final de Wimbledon. Agora, regressa para defender o título pouco rodado na relva, já que foi derrotado na segunda ronda do Queen’s, por Jack Draper.

Com a participação do bicampeão Andy Murray em dúvida até ao último minuto, será em Draper que irão recair as maiores expectativas dos adeptos britânicos. O actual melhor tenista nacional cresceu a idolatrar Murray, foi finalista júnior em Wimbledon e, aos 22 anos, ocupa o seu melhor ranking de sempre (29.º), após ultrapassar uma série de lesões no ombro direito e conquistar o seu primeiro título no ATP Tour, há duas semanas, em Estugarda e em relva.

A estreia de Nuno Borges deverá realizar-se na terça-feira, tendo como adversário japonês Yoshihito Nishioka (102.º). Será a terceira presença do maiato no quadro principal, depois ser eliminado na ronda inicial em 2022 e 2023. Nas últimas semanas, Borges somou por derrotas os dois encontros que realizou em relva, nos torneios de Halle e Maiorca.

No sector feminino, o “Channel Slam” foi apenas concretizado na Era Open por sete tenistas e é esse o desafio que é colocado a Iga Swiatek, incontestável número um do ranking, mas que, em Wimbledon, nunca foi além dos quartos-de-final. Contudo, a tradição mais recente do torneio britânico é coroar uma nova campeã, o que aconteceu nas últimas sete edições.

Depois de triunfar em Paris, a polaca optou por não disputar nenhum torneio em relva antes de chegar a Londres, onde há vários dias se encontra a adaptar-se aos courts do All England Club.

Elena Rybakina, campeã em 2022, deverá surgir como a principal rival de Swiatek na parte superior do quadro, mas será na metade inferior que poderá surgir uma finalista surpresa, já que a mais cotada, Aryna Sabalenka (3.ª), tem tido queixas no ombro direito.

Uma razão extra para o aumento de expectativas quanto às prestações de Coco Gauff (2.ª), que nunca passou dos oitavos-de-final, e das regressadas Naomi Osaka, detentora de quatro títulos do Grand Slam, e Emma Raducanu, campeã do US Open em 2021 e ainda promessa do ténis britânico, finalmente, livre de lesões.

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