Arquitectura

Esta “casa Frankenstein” tem os materiais à vista para o Porto apreciar

A Casa/Atelier uniu uma construção do século XIX e uma ampliação de betão que nunca terminou. O atelier Oitoo finalizou-a com materiais sustentáveis.

Casa/Atelier, atelier Oitoo DR
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Casa/Atelier, atelier Oitoo DR

Desta vez, o atelier de arquitectura Oitoo pôs de lado a reabilitação dos rés-do-chão vazios do Porto e desviou as atenções para uma “casa caótica” com sucessivas ampliações inacabadas e desgastadas pelo tempo. 

“Era uma espécie de casa Frankenstein”, recorda ao P3 João Baptista Machado, um dos arquitectos responsáveis pelo projecto. Fica na Rua da Constituição, perto do Marquês, e um casal descobriu-a durante a pandemia de covid-19, quando deixou os Países Baixos e regressou ao Porto. Para a proprietária, que é portuguesa, foi um regresso às raízes, desta vez acompanhada do marido e dos dois filhos.

“Nesta casa existe uma primeira moradia que é tradicional do século XIX, com a fachada de pedra. Depois, alguém a tentou ampliar com paredes de betão, talvez para fazer apartamentos turísticos. Era preciso ter bastante imaginação para perceber que podia ser uma nova construção, mas os proprietários tiveram-na”, acrescenta João Baptista Machado.

E os arquitectos também: decidiram “tirar partido da ruína” do século XIX e da ampliação. Na fachada mantiveram a pedra e os azulejos originais e conseguiram até mandar reproduzir mais uns quantos iguais para as zonas mais danificadas. Na parte nova aproveitaram o betão e, no interior, respeitaram a única exigência dos donos: utilizar materiais sustentáveis para tornar a casa eficiente do ponto de vista energético.

“Optamos por isolamentos de cortiça e rebocos impermeáveis dentro do orçamento que tínhamos”, adianta o arquitecto Diogo Morais, que também assina o projecto conhecido como Casa/Atelier. Para o pavimento e móveis da cozinha escolheram a madeira, as paredes e os tectos foram pintados de branco e, em certas zonas da casa, os blocos de betão foram deixados à vista.

“A estética interior é uma história muito bonita. Houve uma sintonia entre os gostos e as referências dos donos e os nossos. Em vez de revestirmos os materiais, pintámos as superfícies que mostram a sua própria natureza”, justifica João Baptista Machado.

No piso térreo fica o atelier dos proprietários, que são designers. Segue-se uma escadaria até ao andar intermédio onde fica a cozinha, a zona de refeições, a sala e outras divisões “que a família pode utilizar como entender”, destaca Diogo Morais. No último piso ficam os três quartos.

A Casa/Atelier ficou concluída em 2024, dois anos depois das obras de reconstrução. Nas palavras de Diogo Morais, a casa “foi descascada”, recuperada e pensada para receber uma nova família.

Casa/Atelier, atelier Oitoo
Casa/Atelier, atelier Oitoo Attilio Fiumarella
A casa foi comprada pelos proprietários em 2021
A casa foi comprada pelos proprietários em 2021 Attilio Fiumarella
Tinha a construção original do século XIX e uma ampliação de betão que ficou inacabada
Tinha a construção original do século XIX e uma ampliação de betão que ficou inacabada Attilio Fiumarella
A casa ia ser transformada em prédios de turismo
A casa ia ser transformada em prédios de turismo Attilio Fiumarella
O colectivo de arquitectura Oitoo recuperou a estrutura
O colectivo de arquitectura Oitoo recuperou a estrutura Attilio Fiumarella
As paredes são de betão e a fachada é de azulejo
As paredes são de betão e a fachada é de azulejo Attilio Fiumarella
No interior destaca-se a madeira e o tecto com blocos de betão à vista
No interior destaca-se a madeira e o tecto com blocos de betão à vista Attilio Fiumarella
No interior destaca-se a madeira e o tecto com blocos de betão à vista
No interior destaca-se a madeira e o tecto com blocos de betão à vista Attilio Fiumarella
"Em vez de revestirmos os materiais, pintámos as superfícies que mostram a sua própria natureza
"Em vez de revestirmos os materiais, pintámos as superfícies que mostram a sua própria natureza Attilio Fiumarella
As obras começaram em 2022 e terminaram em 2024
As obras começaram em 2022 e terminaram em 2024 Attilio Fiumarella
Algumas das divisões foram desenhadas para "a família pode utilizar como entender”
Algumas das divisões foram desenhadas para "a família pode utilizar como entender” Attilio Fiumarella
A casa tem três pisos
A casa tem três pisos Attilio Fiumarella
A parede das escadas também não foi rebocada
A parede das escadas também não foi rebocada Attilio Fiumarella
No piso intermédio ficam a sala, a cozinha e os demais espaços sociais
No piso intermédio ficam a sala, a cozinha e os demais espaços sociais Attilio Fiumarella
No último piso ficam os quartos
No último piso ficam os quartos Attilio Fiumarella
Algumas das divisões foram desenhadas para "a família pode utilizar como entender”
Algumas das divisões foram desenhadas para "a família pode utilizar como entender” Attilio Fiumarella
A casa tem três quartos
A casa tem três quartos Attilio Fiumarella
Os arquitectos utilizaram materiais sustentáveis a pedido dos donos
Os arquitectos utilizaram materiais sustentáveis a pedido dos donos Attilio Fiumarella
Os arquitectos utilizaram materiais sustentáveis a pedido dos donos
Os arquitectos utilizaram materiais sustentáveis a pedido dos donos Attilio Fiumarella
O atelier dos donos fica no rés-do-chão
O atelier dos donos fica no rés-do-chão Attilio Fiumarella
A casa fica na Rua da Constituição, no Porto
A casa fica na Rua da Constituição, no Porto Attilio Fiumarella
Fotografia da casa antes de ser recuperada
Fotografia da casa antes de ser recuperada DR