INEM chegou a ter mais de 100 chamadas em espera esta manhã

Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar denuncia constrangimentos no atendimento. Nos últimos meses, houve períodos em que o tempo para a activação de uma ambulância chegou a uma hora.

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Já no dia 18 de Junho, o mesmo sindicato tinha denunciado que o INEM não tinha ninguém para atender chamadas em Lisboa Paulo Pimenta
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“Às 11h42 desta segunda-feira, o INEM tinha 107 chamadas em espera e, nos últimos meses, houve períodos em que o tempo de activação de uma ambulância chegou a uma hora”, denunciou, ao PÚBLICO, Rui Lázaro, presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH). Segundo o mesmo responsável, “há meses que o STEPH tem vindo a alertar para a carência de técnicos de emergência pré-hospitalar” e que esta é a principal razão “quer para os constrangimentos que se verificam nos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), quer para a operacionalização das ambulâncias”.

“A carreira de técnico de emergência pré-hospitalar não é atractiva”, afirmou, sublinhando que tem uma taxa de abandono superior a 40% e que nos dois últimos concursos nem 25% das vagas foram preenchidas. “A ministra da Saúde bem pode anunciar um concurso para 200 vagas porque com as condições que são dadas arrisca-se a que fique vazio”, alerta Rui Lázaro.

Já no dia 18 de Junho, o mesmo sindicato veio denunciar que o INEM não tinha ninguém para atender chamadas em Lisboa. As chamadas, no início do turno, estavam a ser atendidas nos CODU do Porto, Coimbra e Faro. Na altura, Rui Lázaro disse ao PÚBLICO que o INEM tem apenas 800 técnicos a trabalhar quando devia ter mais de mil; só o CODU de Lisboa, o maior do país, deveria ter 25 técnicos de emergência a assegurar o atendimento em cada turno.

O PÚBLICO contactou o INEM para obter um comentário a esta situação, mas até agora não obteve resposta.

Presidente do INEM debaixo de fogo

No passado sábado, em comunicado, a Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM) defendeu a demissão do conselho directivo do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), presidido por Luís Meira, e a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito para abordar as "sucessivas falhas" do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM).

A ANTEM afirmou que o conselho directivo do INEM “não reúne, desde há muito tempo, condições para liderar os destinos daquele instituto público", apontando a missão do instituto, mas também, e "acima de tudo, a salvaguarda da saúde e da vida dos portugueses”. “As sucessivas falhas do SIEM têm vindo a marcar os nossos dias, falhas essas que representam uma ameaça à saúde e à vida dos portugueses. É por demais evidente o estado a que este serviço público chegou, serviço esse essencial ao Estado de direito democrático, à saúde e à vida dos portugueses”, reforçou a associação.

Este comunicado surge depois de a ministra da Saúde ter anunciado, no início de Junho, no Parlamento, a realização de uma auditoria administrativa e financeira ao INEM, falando na necessidade de haver uma "refundação" do instituto. No final de Agosto de 2023, o presidente do INEM, Luís Meira, foi reconduzido no cargo para um novo mandato de cinco anos pelo Ministério da Saúde, ainda sob a tutela de Manuel Pizarro. A sua recondução foi muito contestada pelas associações de técnicos de emergência médica e de agentes de protecção civil. Em Agosto deste ano, Luís Meira completa, assim, um ano do novo mandato à frente do INEM.

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