Verona, a cidade do amor

Viajar é ver e sentir, escreve o leitor José P. Costa. Daí que, em Verona, onde o amor paira, pára numa das esplanadas e com sede pede uma birra alla spina, ou delicia-te com um gelado.

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Verona, Itália Paula Correia
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“Agora há três coisas importantes. A fé, a esperança e o amor. Mas a mais importante é o amor.”
(in Primeira carta aos Coríntios, atribuída ao Evangelista Paulo, 13,13)

Viajar é ver e sentir e não apenas olhar e seguir.

Verona é tida como a cidade do amor, mas também da História e da Arte. À parte outras insignes personagens que aqui viveram, destacamos Dante (1265-1321), o qual dedica parte do Canto XVII da sua obra Paraíso a esta cidade que está repleta de locais imperdíveis, como a Piazza Bra, a Arena (Anfiteatro Romano), o mais importante monumento da cidade, construído inicialmente no século 3 a.C., a Piazza del Erbe, a Piazza dei Signori (onde encontramos a estátua de Dante), a Catedral, cujo nome é Santa Maria Matricolare, construída em 1187, entre tantos outros espaços e monumentos laicos e religiosos deveras interessantes que, numa prolongada estada, devem merecer a nossa atenção.

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Verona, Itália Paula Correia

São intermináveis as filas para visitar a Casa de Julieta, quiçá o ex-libris da cidade, onde se podem encontrar inúmeros objectos, documentos, imagens do que foi este incontornável e imortalizado drama Romeu e Julieta, que William Shakespeare escreveu e que tem merecido incontáveis edições impressas e múltiplas representações sobretudo cénicas, mas não só. Todavia, cremos que Shakespeare se inspirou para escrever a sua obra em Ovídio (43 a.C.-17 d.C), que em Metamorfoses, Livro IV, versos 55-166, narra a história de Píramo e Tisbé, donde respigamos as seguintes citações: “Ele era o mais belo dos jovens, ela a mais deslumbrante de todas as moças que o Oriente teve. Moravam em casas contíguas […] Com o tempo veio o amor, e ter-se-iam unido em legítima boda não fora os pais o terem proibido […] falavam por sinais e gestos […] [Píramo]: “Fui eu, coitadinha!, quem te matou: Recebe agora também uma golfada do meu sangue”, disse ele e enterra no ventre a espada que costumava trazer à cintura […] [Tisbé]: “Seguir-te-ei na morte […] e apontando a espada à base do peito, deixou-se cair sobre a lâmina, ainda morna do sangue dele”.

Ali, veio-nos à memória a história real e também trágica de Pedro e Inês, a qual foi degolada, a mando de D. Afonso IV, em 7 de Janeiro de 1355, também porque nesta cidade do amor a sua história foi memorada, através das óperas de Giuseppe Persiani, Inês de Castro, no Teatro Filarmonico, em 26/11/1836, e de Nicoló Zingarelli, no mesmo teatro, no Carnaval de 1812, e ainda foi ali editada a obra Ignez de Castro, da autoria do Conde Soden, em 1827.

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Verona, Itália Paula Correia

Como antes dissemos, viajar é ver e sentir, daí que, nesta cidade, onde o amor paira, pára numa das esplanadas e com sede pede uma birra alla spina, ou delicia-te com um gelado. Ao teu lado, vês um desfile de trajes e falares de tantos lugares, sinal de que ali todos podem conviver, sem quaisquer estigmas, porque o mundo não é de ninguém, mas de todos nós.

José P. Costa (texto), Paula Correia (fotos)

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