Alvor nunca perdeu a leveza

” Ainda é um cantinho acolhedor, cheio de recordações e lembranças”, escreve a leitora Rita Sá Alves a propósito da localidade do município de Portimão, no Algarve.

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Alvor Rita Sá Alves
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Ainda me lembro da praia, de manhãzinha, pelo fresquinho, o mar liso e azul, a areia fria e branca, com as crianças e as mães a caminharem nela. A praia frente à ribeira, a ribeira dos barcos coloridos de madeira, onde os pescadores heróis vão buscar o pão de cada dia.

Alvor é ainda um cantinho acolhedor, cheio de recordações e lembranças. As casinhas brancas e de outras cores, com os seus pequenos quintais, contam histórias alegres e tristes do seu povo bondoso e hospitaleiro, alegre e de cara brilhante e bonita, feita
pelo vento vindo das ondas.

Se hoje existe azáfama pela noite, sons da música e das gentes de fora, nos bares e restaurantes, nas lojas, ruas, gelados e algodão doce, sempre existirá a manhã e a tarde, a vista sobre a vila, para olhar e sentir a calma, a luz e toda a maravilhosa paisagem em vários recantos que a vila tem.

As avós chamavam-nos alto para o jantar, como se estivessem zangadas por tardarmos. Tardávamos porque estávamos a subir as rochas, a apanhar conquilhas, a tocar viola dentro do barco abandonado, a procurar gatinhos pequenos, que estavam sempre ao pé das ruínas da fábrica de conservas, a rir e a cantar na praia, com a luz do fim de tarde, a apanhar figos, alfarrobas e amoras, ou no cemitério a rezar pelos que já partiram.

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Chamavam-nos para nos mostrarem a mesa farta de bom pão, de peixe fresco na caldeirada, de favas com toucinho, de papas de milho, de figos secos, de amêndoas torradas ou de rolhas de Maio.

Alvor nunca perdeu a sua leveza. Alvor é sempre branco. Alvor são as gaivotas e o cheiro a maresia.

Texto e fotos de Rita Sá Alves

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