Os Detalhes, de Ia Genberg : da cabeça ao papel em estado febril
Uma mulher conta-se a partir de quatro retratos: de amantes, amigos, de uma mãe. São nomes a remeter para o fim do século XX. Eis Os Detalhes, finalista do Booker International, da sueca Ia Genberg.
Fechado o livro, a pergunta surge, inquietante, instigadora de uma análise ao lido, e menos a procurar uma resposta do que a tactear um ou múltiplos sentidos: de que fala este romance? Começa com uma febre física, leva-nos à febre da escrita, de alguma forma movida pela anterior, atravessa paixões, disseca conflitos, tenta desmontar a ansiedade enquanto estado permanente de vigília do mundo. No centro, tem uma mulher, a voz narrativa, uma primeira pessoa que começamos por conhecer nada mais do que em estado febril. “Após dias a chocar uma virose, fico com febre e sinto, de súbito, a necessidade premente de reler um romance em particular. Só entendo porquê, quando me sento na cama e o abro.” Aqui, a febre também é de ler, além de escrever, de existir por parte da protagonista no momento em que vamos sabendo da sua ruptura amorosa com outra mulher, Johanna.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.