Biden apresenta medidas para regularizar situação de centenas de milhares de migrantes

Em plena campanha eleitoral, o Presidente dos EUA quer mostrar um contraste em relação às políticas duras de Donald Trump para a imigração.

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Joe Biden anunciou medidas para facilitar o acesso de centenas de milhares de migrantes ilegais à cidadania Anna Rose Layden / REUTERS
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Com críticas ao seu adversário, o Presidente norte-americano, Joe Biden, apresentou medidas que visam alargar a concessão de cidadania a muitos imigrantes indocumentados nos EUA.

Biden quer facilitar a concessão de cidadania a milhares de imigrantes ilegais casados com cidadãos norte-americanos e que vivam nos EUA há pelo menos dez anos. Este programa poderá beneficiar cerca de 500 mil pessoas e também se estende a 50 mil jovens com menos de 21 anos em que um dos pais seja cidadão norte-americano.

Outra das iniciativas apresentadas na terça-feira irá permitir que centenas de milhares de pessoas que eram abrangidas pelo DACA (acrónimo de Deferred Action for Childhood Arrivals), um programa que protegia os menores que chegaram de forma ilegal aos EUA de serem deportados, tenham a sua situação regularizada.

O DACA foi criado há 12 anos pela Administração de Barack Obama e tem permitido que mais de 500 mil jovens adultos vivam e trabalhem nos EUA sem receio de serem deportados. Agora, Biden quer facilitar a concessão de vistos de trabalho qualificado a estas pessoas, conhecidas como “dreamers” (sonhadores), que eventualmente poderá abrir caminho para autorizações permanentes de residência.

“É um pequeno passo dentro de um sistema de imigração complexo que pode vir a facilitar a forma como muitas pessoas podem obter um visto de trabalho mais rapidamente”, disse ao New York Times o especialista em imigrações Stephen Yale-Loehr, da Cornell Law School.

Uma das principais mudanças para o estatuto dos "dreamers" é o fim da incerteza em relação à sua situação. O DACA tem sido alvo de inúmeros processos judiciais, tanto a nível federal como estadual, deixando os seus beneficiários sem saber se a protecção de deportação sobrevive a mais um ano ou, eventualmente, a uma mudança na presidência.

Na cerimónia de apresentação das medidas na Casa Branca, que coincidiu com o aniversário da criação do DACA, Biden aproveitou para criticar o seu adversário na corrida à Casa Branca, Donald Trump, que tem assumido uma postura radical anti-imigração. O Presidente norte-americano recordou os comentários recentes do candidato republicano, que afirmou que os imigrantes que entram ilegalmente nos EUA estão a “envenenar o sangue” do país.

“É difícil acreditar que isto está a ser dito, mas ele está realmente a dizer estas coisas em público. E isso é revoltante”, afirmou Biden. “Não estou interessado em fazer política com a fronteira ou com a imigração – estou interessado em resolver isto”, acrescentou.

Biden foi eleito com a promessa de reverter as políticas migratórias altamente restritivas de Trump, mas acabou por endurecer a abordagem com um número recorde de detenções de migrantes na fronteira com o México.

A apresentação destas medidas indica que Biden quer mostrar uma perspectiva significativamente mais humana da imigração para os EUA, sobretudo através da regularização de situações precárias de pessoas que vivem há vários anos no país.

Em pleno período eleitoral, Biden está a tentar não alienar os eleitores mais progressistas, que geralmente são críticos de medidas muito duras para a imigração.

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