INEM não tem ninguém a atender chamadas em Lisboa

Na manhã desta terça-feira, não havia técnicos a atender chamadas do 112 no CODU de Lisboa. Para já, o atendimento está a ser assegurado por apenas três técnicos e por outros locais.

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A causa principal dos constrangimentos é a escassez de técnicos de emergência pré-hospitalar Paulo Pimenta
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No Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM em Lisboa, às 8h00 desta terça-feira, não havia ninguém a atender chamadas do 112, confirmou ao PÚBLICO Rui Lázaro, presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-hospitalar (STEPH).

Para já, o INEM terá conseguido deslocar três trabalhadores de outros serviços para assegurar o atendimento. As chamadas estão a ser atendidas nos CODU de Porto, Coimbra e Faro, locais que já estavam sobrecarregados há vários meses, disse Rui Lázaro, confirmando a notícia avançada pelo Jornal de Notícias.

“É um dia histórico. No começo do turno desta terça-feira, havia seis pessoas a accionar meios e duas pessoas a receber dados das equipas de emergência, mas não havia ninguém a atender chamadas”, afirmou o presidente do sindicato.

A causa principal dos constrangimentos é a escassez de técnicos de emergência pré-hospitalar que se tem verificado nos últimos meses, explica. O INEM tem apenas 800 técnicos a trabalhar quando devia ter mais de mil; só o CODU de Lisboa, o maior do país, deveria ter 25 técnicos de emergência a assegurar o atendimento em cada turno, disse ainda o presidente do sindicato ao PÚBLICO.

“O INEM, em vez de melhorar as condições de trabalho, o que tem feito é pressionar os trabalhadores para atender mais chamadas, o que pode aumentar os erros no serviço porque estão exaustos. Os técnicos acabam por meter baixa porque não estão em condições de trabalhar”, afirmou Rui Lázaro.

“Esta situação vai continuar e vai agravar-se. O sindicato denunciou, há três semanas, que a escassez tão acentuada que já se vive significa que, durante o verão, a situação será ainda pior se não se tomar nenhuma medida”, avisou. Segundo dados do STEPH, todos os dias, simultaneamente, há de 40 a 60 chamadas em espera no 112.

O presidente do sindicato disse ainda que, nos próximos dias, “sem dúvida” pode continuar a não haver ninguém a atender as chamadas no CODU de Lisboa.

Contactado pelo PÚBLICO, o INEM não comenta a denúncia do sindicado e opta por adiantar que, no turno da manhã desta terça-feira, “encontram-se 48 profissionais TEPH no CODU, 24 dos quais com a função de atendimento de chamadas, apoiados por sete Médicos Reguladores. Esta Central Médica do INEM é nacional, o que significa que as chamadas que dão entrada via 112 são atendidas em qualquer um dos quatro CODU”.

Texto editado por Natália Faria

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