Sons sem fronteiras no litoral alentejano
Entre 20 e 27 de Julho, Sines e Porto Covo são palco da 24.ª edição do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo. O objectivo é, como sempre, celebrar a música na sua diversidade.
Todos os anos, desde 1999, que Julho é marcado por um evento cultural ímpar e que colocou o litoral alentejano na rota dos festivais de música. Falamos do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo, uma responsabilidade da autarquia local, e que este ano celebra a 24.ª edição, oferecendo, como habitualmente, um cartaz onde a música, sem espartilhos de origem ou conceitos, é rainha, e mantendo a filosofia definida pela organização através de uma programação universalista apresentada em cenários históricos e urbanos, próximos de uma costa com paisagem protegida.
Assim, entre 20 e 27 de Julho, Sines e Porto Covo servem de ponto de partida para uma viagem à volta do mundo da música, estando agendados 43 concertos de artistas de vários quadrantes, da Argentina a Zanzibar, passando por Cabo Verde, Espanha, EUA, Brasil, Suíça, Jamaica, Palestina, Vietname e muitos outros.
No total estarão representados artistas de 27 países, desde os mais consagrados como Margareth Menezes, Eliades Ochoa, Melingo, Samba Touré, Groundation, Gyedu-Blay Ambolley, DAM, Mezerg ou Mayra Andrade, mas também nomes da nova geração como La Muchacha, iLe, Adédèjì, Salvador Sobral, Ana Frango Elétrico e Son Rompe Pera.
O desafio, que se adivinha complicado, mas entusiasmante, será escolher que artistas ver e ouvir do cartaz deste ano do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo, certame que pela sua qualidade já venceu vários prémios internacionais. Exemplo disso é o EFFE Award 2017, atribuído pela European Festivals Association, ou, mais recentemente, o Iberian Festival Award 2024 para Melhor Programa Cultural.
Múltipla geografia sonora
O cartaz deste ano está especialmente recheado por artistas da América Latina, com destaque para o Brasil, sendo a baiana Margareth Menezes, estrela dos carnavais de Salvador e actual ministra da Cultura do Brasil, um dos nomes mais sonantes. Também da terra de Vera Cruz, actuarão a cantora e acordeonista Lívia Mattos, a revelação carioca Ana Frango Elétrico, e MOMO, um dos representantes da diáspora brasileira na Europa.
Se gosta de novas abordagens sonoras, sublinhamos a presença do rock-tango de Melingo e a cumbia da orquestra La Delio Valdez, com assinatura argentina. Da Colômbia estreia-se La Muchacha, com a formação El Propio Junte, e regressa o grupo La Chiva Gantiva.
A partir da África Ocidental, chegam o blues-rock do maliano Samba Touré, o afrobeat do nigeriano Adédèjì e duas versões da música do Gana: o highlife jazzístico de Gyedu-Blay Ambolley e o cruzamento do highlife com o gospel Frafra de Florence Adooni.
O taarab contemporâneo de Siti & The Band representa o arquipélago de Zanzibar, Tanzânia, enquanto o Levante deixará marcas com o hip hop de DAM (Palestina). Para os entusiastas do indie e dança dabke, destacam-se, respectivamente, Haya Zaatry (Palestina) e Rizan Said (Síria).
Da vizinha Galiza vamos conhecer o duo folk Caamaño & Ameixeiras e, de França, a dança eletroacústica de Mezerg, o electro folk de Red e o rock de Komodrag & the Mounodor. Já se gosta de jazz, não pode perder o colectivo suíço Orchestre Tout Puissant Marchel Duchamp; para os fãs de rock psicadélico, sugerimos a banda sueca Dungen.
Made in Portugal
A presença da música feita por artistas portugueses é também uma das imagens de marca do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo, e esta edição fica marcada por actuações em formato diverso.
Se o lado mais tradicional estará assegurado por José Manuel David, o universo do fado traz a palco Duarte. Assumindo a pasta da música popular teremos o grupo Cara de Espelho, que nas suas fileiras conta com Pedro da Silva Martins (Deolinda), Carlos Guerreiro (Gaiteiros de Lisboa), Nuno Prata (Ornatos Violeta) ou Maria Antónia Mendes (A Naifa).
O projecto de JP Simões sobre José Mário Branco, as aventuras de Salvador Sobral, o rock lírico de Três Tristes Tigres e os sons do "afronauta" Prétu - Xei di Kor, são outros destaques nacionais ao longo dos oito dias de festival.
Como é habitual, ao programa de concertos acresce uma série de iniciativas paralelas, com actividades para famílias, narração oral, artes visuais, dança, debate, oficina, actividades em espaço público e sensibilização ambiental.