EUA assinam com Kiev acordo de segurança por dez anos

O texto do pacto compromete os Estados Unidos a realizar consultas ao mais alto nível com Kiev no prazo de 24 horas se a Ucrânia for novamente atacada no futuro.

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Zelensky e Biden na assinatura do acordo ETTORE FERRARI / EPA
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Os Estados Unidos assinaram esta quinta-feira um acordo de segurança por dez anos com a Ucrânia, à margem da cimeira do G7 (grupo das sete maiores economias do mundo e União Europeia), no sul de Itália.

“Hoje [quinta-feira], os Estados Unidos expressam um forte sinal do seu firme apoio à Ucrânia”, anunciou o Governo do Presidente norte-americano, Joe Biden, num comunicado divulgado pouco antes da cerimónia de assinatura do acordo, entre Biden e o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, convidado a participar na cimeira do G7 na estância balnear de Bari.

Num púlpito azul com as bandeiras dos Estados Unidos e da Ucrânia, Biden e Zelensky assinaram perante a comunicação social o documento e, no final, apertaram as mãos.

O texto do pacto compromete os Estados Unidos a realizar consultas ao mais alto nível com Kiev no prazo de 24 horas se a Ucrânia for novamente atacada no futuro, para “determinar os próximos passos e as necessidades adicionais de defesa”.

Embora pretenda enviar um sinal de forte apoio de Washington a Kiev, o acordo poderá, no entanto, ser abandonado por futuros líderes norte-americanos, sendo que as próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos são já em Novembro e o adversário Republicano a Biden será, quase certamente, o ex-presidente Donald Trump.

Zelensky agradeceu aos Estados Unidos o acordo de segurança e a ajuda militar, disse que o pacto abrirá caminho para uma integração na NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), mas acrescentou: “A questão é agora saber quanto tempo durará”.

Segundo anunciou a Casa Branca na quarta-feira, o acordo bilateral de segurança entre Washington e Kiev não envolverá directamente as tropas norte-americanas na defesa da Ucrânia contra a invasão russa – uma linha vermelha traçada por Biden, que teme ser arrastado para um conflito directo entre as potências com armas nucleares.

O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, indicou que o acordo prevê o fornecimento de armamento e assistência à Ucrânia, à semelhança dos acordos assinados por Kiev com outros aliados. “Qualquer paz duradoura na Ucrânia deve assentar na sua própria capacidade para defender-se”, sublinhou Sullivan.

Também na quarta-feira, Kiev reagiu com satisfação ao anúncio da assinatura do acordo bilateral de segurança entre os Estados Unidos e a Ucrânia. “Percorremos um longo caminho na nossa cooperação com os Estados Unidos, e toda a equipa fez um excelente trabalho para tornar possível este acordo”, declarou o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andrii Yermak.

Sullivan classificou o acordo como uma ponte para o momento em que a Ucrânia for convidada para aderir à NATO – uma prioridade de longa data de Zelensky que, seguindo uma condição imposta pelos aliados, exigirá antes o fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

A cimeira do G7 deste ano ocorre três anos depois de Biden ter declarado, na sua primeira reunião, que o seu país estava de regresso como líder global, após as perturbações nas alianças ocidentais que ocorreram quando o Republicano Donald Trump estava na Casa Branca.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de Fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os dois beligerantes mantêm-se irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infra-estruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais.