Ucrânia pede mais apoio, aliados da NATO dizem que está a resultar
Stoltenberg criticou atrasos na entrega do material militar. Lloyd Austin reportou um “abrandamento dos avanços” da Rússia na região de Karkhiv.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, lançou, esta quinta-feira, um novo alerta contra as “lacunas” e os “atrasos” na prestação do apoio militar prometido pelos aliados ocidentais à Ucrânia, e que “poderia ter feito a diferença no campo de batalha” para suster a ofensiva das forças da Rússia na região de Kharkiv e ao longo da fronteira Leste do país.
“É uma das razões pelas quais os russos estão agora a conseguir avançar e a ocupar efectivamente mais terreno na Ucrânia”, justificou o líder da NATO, insistindo que o Governo de Kiev, que aguardava há meses pela entrega de novas capacidades de defesa e mais munições, “precisa de previsibilidade, e também de mais responsabilidade” dos seus aliados para aguentar uma guerra de atrito.
Ao apelo de Stoltenberg, seguiu-se o do ministro ucraniano da Defesa, Rustem Umerov, que, à chegada ao quartel-general da NATO para reuniões sucessivas do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia e do Conselho NATO-Ucrânia, repetiu que o seu país tem “necessidade urgente” de sistemas de defesa antiaérea do tipo Patriot (no mínimo sete, apontou) e de capacidades de artilharia.
Vários aliados corresponderam ao apelo e fizeram novos anúncios – foi o caso do Canadá, que se comprometeu a entregar uma grande quantidade de rockets; da Noruega, Dinamarca e Países Baixos, que juntos estão a “montar” baterias antiaéreas; da Itália, que disponibilizou um sistema avançado SAMP/T, ou da Alemanha, que já forneceu três sistemas Patriot e, segundo confirmou o ministro da Defesa, Boris Pistorius, está agora a negociar a entrega de mísseis e sistemas de radar.
Da parte do secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, veio uma palavra de confiança – antes de mais na capacidade das forças ucranianas em “fazer bom uso” de todo o equipamento que começa a chegar em maior quantidade ao país, e depois no efeito que a mudança da postura dos aliados, que levantaram a restrição ao uso deste armamento em ataques contra alvos militares dentro do território russo, já teve no teatro de guerra.
“O que estamos a ver é um abrandamento dos avanços da Rússia e uma estabilização dessa frente de guerra. E a partir de agora, penso que veremos ganhos incrementais”, disse, falando concretamente da região à volta de Karkhiv. “Os ucranianos fizeram bom uso das armas e munições para fortificar as suas posições defensivas, e à medida que chegarem mais, vão ficar ainda mais fortes”, estimou.
Segundo o ministro da Defesa, Nuno Melo, “há uma noção de que as dificuldades para a Rússia começam a aumentar, e [os apoios dos] aliados para esse efeito também continuam a aumentar”, revelou, considerando que a conjugação “de uma coisa e outra desejavelmente poderá significar más notícias para a Rússia e melhores notícias para a Ucrânia”.
Desta vez, o Governo não avançou nenhuma promessa de contribuir com novos equipamentos militares para o esforço de guerra da Ucrânia. “À sua escala, Portugal tem contribuído financeiramente [por exemplo para a aquisição conjunta de munições] e está em várias coligações de capacidades”, aéreas, marítimas e terrestres, salientou Nuno Melo, que na sua estreia em reuniões ministeriais da NATO, assinou com o congénere ucraniano um protocolo para a formação, em território nacional, de militares daquele país “no desempenho de artilharia em carros de combate”. O treino poderá arrancar imediatamente, garantiu o ministro.
A reunião dos ministros da Defesa da NATO prossegue esta sexta-feira: a um mês da cimeira comemorativa do 75.º aniversário da Aliança Atlântica, em Washington, o secretário-geral ainda está a ultimar a agenda de trabalhos. As atenções estão focadas na questão do apoio à Ucrânia. “Teremos de chegar a acordo quanto ao plano da NATO para a assistência e formação em matéria de segurança para a Ucrânia, que seja combinado com um compromisso financeiro de longo prazo, de forma a garantir um quadro mais sólido de assistência militar”, afirmou Stoltenberg.