“Abençoados e felizes!” É assim que a humorista portuguesa Maria Rueff resume, numa publicação no Instagram, o seu estado de espírito e dos colegas Joana Marques e Ricardo Araújo Pereira, após o encontro com o Papa Francisco, no qual presenteou o sumo pontífice com o que parece ser uma garrafa de vinho. No entanto, no Twitter, a humorista não confirmou o conteúdo da caixa, escrevendo que “nem tudo o que parece é”.
O trio integrou o grupo recebido, nesta sexta-feira, pelo Papa, de mais de cem comediantes, entre o qual se destacaram nomes como o brasileiro Fábio Porchat ou os norte-americanos Jimmy Fallon, Julia Louis-Dreyfus, Stephen Colbert e Whoopi Goldberg.
O encontro, diz a agência Ecclesia, pautou-se por um discurso do chefe da Igreja Católica, ao longo do qual Francisco saudou, por diversas vezes, a missão de humoristas e comediantes, sublinhando que a linguagem do humor é adequada para entender e “sentir” a natureza humana. “Vocês estão entre os poucos que têm a capacidade de falar com pessoas muito diferentes, de diferentes gerações e origens culturais.”
E, defendeu Francisco, nada está fora das fronteiras do humor, nem a religião, ainda que tenha apelado ao respeito. “É possível rir também de Deus? É claro que sim, isto não é blasfémia, assim como brincamos e fazemos piadas com as pessoas que amamos. A tradição sapiencial e literária hebraica é mestra nisso! Pode ser feito, mas sem ofender os sentimentos religiosos dos fiéis, especialmente dos pobres.”
A mensagem do Papa, avaliou à Rádio Renascença Joana Marques, que optou por quebrar o protocolo ao trajar de azul-escuro (às mulheres, é aconselhado o preto para uma audiência como o Papa), “é um bom recado para a humanidade e que vai acabar com muitas discussões, que não dão em nada”. E reforçou: “Sim, pode-se rir de tudo: umas pessoas podem gostar e outras nem tanto, mas não deixa de ser só isso.”
A humorista disse ainda ter sido “muito emocionante” ouvir o Papa afirmar que é “importante fazer rir os outros” e que isso “pode ajudar pessoas em alturas complicadas das suas vidas”. Afinal, para Francisco, fazer sorrir mesmo quando se fala dos problemas da humanidade é uma espécie de “milagre”, sublinhando que “o humor não ofende, não humilha, não cola as pessoas aos seus defeitos”.
O encontro foi organizado pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, presidido pelo cardeal português José Tolentino Mendonça, e pelo Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, tendo ocorrido na Sala Clementina, no Vaticano.
Após a audiência, escreve a Ecclesia, o Papa viajou de helicóptero para Apúlia, no Sul de Itália, onde participará na cimeira do G7, com um discurso e vários encontros bilaterais com líderes mundiais.