Como ser bem-sucedido no trabalho quando o teu chefe espera hiperprodutividade

Os millennials são os maiores devotos da cultura de hiperprodutividade. Mas a Geração Z não mede o sucesso em dinheiro. Como lidar com as diferenças geracionais no trabalho?

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Pode ser útil compreender como as gerações mais velhas moldaram os locais de trabalho e a sua gestão e como podes ser bem-sucedido num ambiente de trabalho moderno Getty Images
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Portia, da série de comédia dramática The White Lotus, é o resumo da Geração Z. Como assistente de uma herdeira egocêntrica, encarna tanto os pontos fortes como os defeitos da geração mais jovem: perpetuamente ligada ao mundo digital, muito inteligente e cheia de potencial por explorar.

Embora o comportamento, por vezes detestável, de Portia possa ser irritante, também a torna identificável. Numa cena, rumina sobre uma época em que o mundo tinha mais para oferecer: "Tira-se uma fotografia e depois percebe-se que toda a gente já tirou exactamente a mesma fotografia do mesmo sítio, e acabamos de criar um conteúdo redundante para a porcaria do Instagram. E já nem sequer te podes perder porque te podes encontrar com o Google Maps".

É um sentimento que capta a luta (e o desejo) por autenticidade da Geração Z. A viagem de Portia reflecte a experiência mais alargada da Geração Z. Inicialmente à deriva, acaba por receber uma chamada de atenção que a leva a assumir o controlo da sua vida.

Se, tal como a Portia, também queres corresponder às expectativas de trabalho do teu chefe, pode ser útil compreender como as gerações mais velhas moldaram os locais de trabalho e a sua gestão e como podes ser bem-sucedido num ambiente de trabalho moderno.

Os maiores devotos da hiperprodutividade

Os millennials são, sem dúvida, os maiores devotos da cultura de hiperprodutividade. Os nascidos entre 1981 e 1996 têm mais probabilidades de trabalhar em vários empregos, sendo que muitos deles têm dois ou mais. Um em cada três millennials tenciona trabalhar para uma empresa de aplicações, como a Uber ou a Lyft, ou alugar a casa para ter rendimento extra.

A geração do milénio cresceu com a Internet, após a recessão de 2008. Confrontados com um mercado de trabalho precário e instabilidade financeira, muitos transformaram as suas paixões em hobbies. Estas paixões vão desde cursos online e coaching a podcasts e influência nas redes sociais, que são vistas como uma fonte de felicidade, empregabilidade e desenvolvimento de competências.

Os hobbies exigem que sejam eficientes, mais disciplinados e preocupados com a definição de prioridades e a concentração. O tempo livre significa muitas vezes mudar do trabalho principal para o trabalho paralelo e os fins-de-semana livres são uma raridade.

No entanto, para a Geração Z e alguns millennials mais jovens, a perspectiva de aderir à cultura de hiperprodutividade pode parecer assustadora e cansativa. Em vez disso, querem ser financeiramente estáveis e bem-sucedidos sem sacrificar a saúde mental e o bem-estar.

Diferenças geracionais no mesmo trabalho

Todas as gerações deixam marca nos seus locais de trabalho. Os millennials, em particular, têm a capacidade de processar informação de uma forma muito mais simplificada e eficiente do que qualquer outra geração.

Os millennials aumentaram a produtividade no local de trabalho e remodelaram tendências de liderança. Mudaram o local de trabalho tradicional ao quererem sentir que importam, ao quererem um diálogo constante e ao quererem mais oportunidades e liberdade.

A geração mais nova é igualmente ambiciosa e também está a deixar sua marca na cultura do trabalho. Quase metade (48%) dos proprietários de pequenas empresas da Geração Z têm vários empregos, enquanto 91% trabalha em horários não convencionais e 81% trabalha durante as férias. Quase metade tem dois ou mais empregos.

Mas nem todos os jovens profissionais são proprietários de pequenas empresas ou estão interessados num ambiente muito intenso e confuso — alguns querem apenas mais liberdade e espaço para si.

Muitas pessoas na casa dos 20 e dos 30 anos estão a abandonar a típica carreira das “9h às 17h”. Para esta faixa etária, o sucesso não se mede apenas em dinheiro, mas também em felicidade e realização.

O equilíbrio entre vida profissional e pessoal

Às vezes dás por ti a entrar em conflito com o teu chefe mais velho. Com alguma hipocrisia, estes chefes consideram muitas vezes que os candidatos com vários empregos não são tão empenhados, apesar de eles próprios terem feito o mesmo.

Para ultrapassar o fosso geracional no local de trabalho, é necessária uma comunicação aberta e compreensão mútua. Navegar pela cultura de hiperprodutividade no local de trabalho pode ser um desafio, mas não é impossível. Aqui estão algumas dicas para o sucesso:

  1. Tem consciência do teu bem-estar mental. Um chefe mais velho pode pressionar-te incansavelmente para obter resultados e maior produtividade, muitas vezes à tua custa (e ganhos deles). Se não prestares atenção, em breve vais sentir o peso do stress e vais sentir-se esgotado e fora de lugar.
  2. Define as tuas próprias prioridades. Estabelece limites claros entre a vida profissional e pessoal e dá prioridade às tarefas com base na sua importância e impacto. Estabelece horários de trabalho e dedica algum tempo para ti, para a tua família e aos teus tempos livres. Não afastes o teu chefe recusando directamente o trabalho, mas explica cuidadosamente e implementa gradualmente os teus limites.
  3. Sê objectivamente produtivo. Lembra-te que o tempo passado a trabalhar nem sempre é sinónimo de produtividade. O excesso de trabalho provocado pelas tuas actividades paralelas terá um impacto negativo no teu desempenho. É necessário medir e avaliar constantemente para provar o teu empenho, ser capaz de inovar e ser produtivo no trabalho.
  4. Reconhece que nem todos os locais de trabalho são ideais para ti. Em vez de te preocupares em subir na carreira, procura um local de trabalho que reconheça e promova o bem-estar dos seus empregados. Isto pode implicar um emprego com uma certa flexibilidade ou trabalho remoto, trabalho de equipa e diversidade. Uma hierarquia vertical pode não ser a melhor ambiente de trabalho para todos. Se o teu local de trabalho actual não estiver alinhado com os teus valores e necessidades, considera a possibilidade de explorar outras oportunidades ou mesmo criar o teu próprio emprego.

Exclusivo P3/ The Conversation
Sorin Rizeanu é professor auxiliar da Escola de Negócios da Universidade Victoria

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