Há por fim um esboço de programa para celebrar os 500 anos de Camões

Guião para os dois anos de comemorações que esta quarta-feira foi apresentado não define calendário, nem orçamento das actividades. Ministra da Cultura criticou “pesada herança” do anterior executivo.

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Apresentação do programa terminou com a deposição de uma coroa de flores junto do túmulo de Camões Nuno Ferreira Santos
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Na cerimónia estiveram presentes o primeiro-ministro, a ministra da Cultura, o ministro dos Negócios Estrangeiros e o ministro da Presidência Nuno Ferreira Santos
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Montenegro afirmou que o Governo quer celebrar Camões "sem passadismos nem saudosismos" Nuno Ferreira Santos
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Dalila Rodrigues destacou as iniciativas da Biblioteca Nacional Nuno Ferreira Santos
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O lançamento de uma Camoniana digital, a organização de “uma grande exposição” e de “um ciclo de seminários, conferências e publicações”, tudo iniciativas a cargo da Biblioteca Nacional, são três das actividades que integram o programa de comemorações dos 500 anos de Luís de Camões. E são também dos pontos mais concretos do plano apresentado esta quarta-feira pelo Governo para celebrar a vida e a obra do poeta ao longo dos próximos dois anos.

A cinco dias do 10 de Junho, em que as comemorações arrancam oficialmente, o novo executivo lançou no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, onde o poeta está sepultado, a base para os festejos, embora várias iniciativas constantes do documento entregue aos jornalistas se assemelhem mais a uma declaração de intenções. Nada ali se diz sobre a sua calendarização ou o orçamento que lhes foi consignado.

À ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, que foi até muito recentemente directora do Mosteiro dos Jerónimos – e apontou este como “o lugar certo” para a cerimónia –, coube explicar “as linhas de programação”, que serão postas em prática por uma nova estrutura de missão, designada esta semana, em que pontificam o novo director da Biblioteca Nacional, Diogo Ramada Curto, o filólogo Joaquim José Coelho Ramos, do Instituto Camões, e o editor Vasco Silva, sob liderança da camonista Rita Marnoto.

“Partimos do princípio de que nos interessa reflectir sobre a figura de Camões, autor de uma obra que abrange diferentes géneros, a qual foi lida em diferentes contextos e tem vindo a adquirir sucessivos significados”, afirmou a ministra. Salientou, por isso, três eixos das actividades: “uma de natureza cívica e cultural, outra centrada no estudo e na crítica científica e uma terceira, de âmbito educativo”, às quais o Governo espera poder “atribuir um valor paritário”.

Ao contrário do que estava previsto pelo Governo de António Costa – que apenas em Dezembro nomeou o comissariado consultivo agora extinto –, as comemorações vão prolongar-se por dois anos, até Junho de 2026. “O alargamento do prazo”, disse a ministra da Cultura, “tem a finalidade de permitir ultrapassar a pesada herança deixada pelo anterior Governo: a ausência de programação e orçamento”.

As comemorações vão envolver também os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Educação. Este último não integrava a anterior estrutura.

As escolas são, aliás, destinatárias de vários pontos do programa. Prevê-se a “elaboração de um audiolivro de Os Lusíadas e da Lírica de Camões para distribuir pela rede escolar” e a montagem de uma “exposição biobibliográfica itinerante”, além da “elaboração de um breve filme de animação (dois ou três minutos) sobre a vida de Camões para os primeiros ciclos do ensino básico”. Está igualmente contemplada a “contratação de companhias de teatro que representem nas escolas peças sobre Camões e a sua vida”.

Professores do ensino básico e secundário poderão participar num “concurso nacional (…) que estimule a apresentação de propostas pedagógicas centradas na obra de Camões”, enquanto os alunos terão oportunidade de fazer uma ilustração sobre uma personagem d’Os Lusíadas e de ver as melhores contribuições “integradas numa exposição específica sobre este tema”.

“A melhor forma de comemorar Camões continua a ser divulgar e conhecer a sua obra”, sobretudo junto dos “corações dos jovens”, disse o primeiro-ministro. Luís Montenegro destacou que a intenção do Governo não é “celebrá-lo de um modo passadista ou saudosista”, mas antes “situá-lo no espaço e no tempo que foram os seus”, “de forma aberta e plural, num modo próprio de um regime democrático e inclusivo”.

Antes, Dalila Rodrigues manifestara já a sua preocupação quanto à “cobertura territorial e a democratização no acesso”. O programa contempla a “criação de uma plataforma de informação e acesso a conteúdos”, a “produção de uma série de 12 podcasts sobre Camões” e ainda três pontos específicos para a televisão: “leitura regular de poemas”, um “programa em parceria com a RTP2 (ou uma curta série de programas)” e um “documentário sobre a iconografia camoniana”.

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