Assassinado candidato à administração do município mexicano de Cuitzeo

A vítima era candidata a administrador na lista encabeçada por Rosa Pintor, actual edil de Cuitzeo, que procura a primeira reeleição.

Foto
As eleições deste domingo no México são as mais escrutinadas de sempre por observadores internacionais Jorge Luis Plata / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:45

As autoridades mexicanas confirmaram neste domingo o assassínio a tiro de Israel Delgado Vega, candidato à administração do município de Cuitzeo, no oeste do México, poucas horas antes da abertura das mesas de voto.

Em comunicado citado pela agência EFE, a procuradoria-geral estadual de Michoacán indica que Vega, de 35 anos, foi assassinado por volta das 23h00 de sábado (madrugada de domingo em Lisboa), em frente à sua casa, na cidade de San Juan Benito Juárez, por dois homens que o balearam a partir de um motociclo.

Vega era candidato por uma coligação que apoia o Presidente do país, Lopez Obrador, e que integra o Partido Trabalhista (PT), o Movimento de Regeneração Nacional (Morena) e o Partido Ecologista Verde do México (PVEM).

A vítima era candidata a administrador na lista encabeçada por Rosa Pintor, actual edil de Cuitzeo, que procura a primeira reeleição.

Em 1 de Junho de 2021, um grupo armado tinha também assassinado o marido de Rosa Pintor, quando o casal regressava de um evento político.

A 2 de Abril de 2022, um grupo de assassinos contratados sequestrou e assassinou Francisco Díaz Rodríguez, que desempenhava o cargo de administrador na autarquia de Cuitzeo, sem nenhuma detenção feita até ao momento.

Mais recentemente, em 21 de Maio, foi noticiado o desaparecimento de José Bernardo Aguirre García, secretário particular de Fernando Alvarado Rangel, candidato do partido de direita Acção Nacional no município de Cuitzeo.

Cuitzeo fica 35 quilómetros a norte da cidade de Morelia, capital de Michoacán, onde grupos de narcotraficantes e do crime organizado disputam o roubo de combustível dos oleodutos da petrolífera mexicana.

Estes acontecimentos reflectem a violência eleitoral no México, onde o Governo já reconheceu o assassínio de 22 candidatos, embora outros grupos independentes apontem para cerca de 250 homicídios políticos, incluindo assessores, funcionários, familiares e vítimas colaterais.

Mais de 98 milhões de eleitores são chamados às urnas neste domingo, no México, para eleições gerais que poderão eleger a primeira Presidente do país, que enfrenta problemas como o narcotráfico, as migrações e a relação conturbada com os EUA.

Estas serão as maiores eleições da história do país, com mais de 20 mil cargos a serem disputados numa única volta, nomeadamente para a Câmara dos Deputados (500) e o Senado (128), além de oito governadores (mais o governo da capital, Cidade do México) e outros cargos regionais e locais.

As duas mulheres que estão à frente na corrida presidencial são Claudia Sheinbaum, do partido de centro-esquerda Morena, que integra a coligação governamental Vamos Continuar a Fazer História; e Xóchitl Gálvez, do conservador Partido da Acção Nacional (PAN), que faz parte da coligação de oposição Força e Coração pelo México.

A eleição de uma Presidente seria um enorme passo num país com níveis alarmantes de violência baseada no género e com profundas disparidades nessa área. Na sua forma mais extrema, a misoginia é manifestada no país através das altas taxas de homicídios e de outros tipos de crimes violentos cometidos contra as mulheres.

O escrutínio também é marcado pelo maior número de sempre de observadores eleitorais estrangeiros na história do país, com o registo de mais de 1300 elementos credenciados.

Pelo menos 222 centros de voto vão permanecer encerrados nas eleições no México, devido a problemas de segurança ou conflitos sociais, afectando cerca de 120 mil eleitores, informou o Instituto Nacional Eleitoral (INE).

A maioria destes centros de voto (108) situa-se em Chiapas, estado fronteiriço do sul onde as disputas entre o crime organizado e a elevada violência levaram à suspensão das votações nos municípios de Chicomuselo e Pantelhó.

Também em Michoacán haverá 84 locais de voto que não vão abrir devido à insegurança, disse em conferência de imprensa, no sábado, Miguel Ángel Patiño, director executivo da organização eleitoral do INE.