Garrafeira Nacional abre no Porto: o “sonho” de Jaime Vaz em 3500 vinhos na Rua das Flores
Jaime Vaz finalmente realizou o sonho de abrir uma loja da sua Garrafeira Nacional na Invicta. Espaço tem máquinas dispensadoras de vinho com 32 referências a prova e dá destaque ao vinho do Porto.
Vários anos e uma pandemia depois, Jaime Vaz finalmente realizou o "sonho" de abrir uma loja da sua Garrafeira Nacional na Invicta. Situado na nobre, pedonal e muito movimentada rua das Flores, no número 60, em pleno centro histórico do Porto, o espaço tem 3.500 referências de vinho à venda, entre vinhos portugueses e estrangeiros, máquinas dispensadoras de vinho com "32 bocas", em que estarão disponíveis para prova a copo também coisas raras e muito velhas, como um tawny de 1840 da Casa Ferreirinha, e um mezanino para "masterclasses" e eventos privados que "leva umas 30 pessoas".
A inauguração é esta sexta-feira, pelas 16h, mas a garrafeira, um investimento de 2,5 milhões de euros (inclui toda a obra e as rendas de quatro anos, não o recheio), já abriu. Estava a funcionar em soft opening, um regime em que a abertura é mais controlada para ir afinando o serviço.
É um "sonho" que o negociante de vinhos, com três espaços já em Lisboa e a terceira geração da sua família à frente da Garrafeira Nacional, acalentava "já há uns anos". "Ia vendo lojas, ia sempre vendo, mas ainda não tinha encontrado uma loja de que eu gostasse", conta. E depois? Depois, o azar de a encontrar quando a covid-19 abalou o mundo. "Fechámos o projecto [e o negócio] 15 dias antes de a pandemia fechar o mundo, a 1 de Março de 2020. Arrendei a loja, fiz o contrato, fiz tudo." Entretanto, passaram-se quatro anos. "Dois à espera que a pandemia se fosse embora", depois "uns meses de incerteza" pelo meio e o atraso da obra, um clássico em Portugal.
Obra essa que, apesar de demorada, foi minimalista, conta Jaime Vaz. "Estamos a falar de um prédio de 1500 e tal, 1600, é o prédio mais antigo da rua das Flores. E a gente não mexeu em nada, a estrutura é a que lá estava. Apenas limpamos e pusemos à vista." E mudaram o projecto, vá. Os interiores tinham um desenho "mais moderno" e, a meio caminho, Jaime quis algo "mais tradicional".
A garrafeira fica junto à Casa da Companhia, hoje um hotel de cinco estrelas, mais ou menos a meio da artéria com mais de 500 anos de história. Em Lisboa, as lojas da Garrafeira Nacional (que também tem venda online) "também estão em edifícios históricos". "Gostei da arquitectura da loja. Aliás, sou lisboeta mas apaixonei-me pela arquitectura do Porto. Aqui na baixa [lisboeta], é tudo igual. No Porto há mais variedade de arquitectura."
Na Garrafeira Nacional do Porto trabalham "14 pessoas", que tiveram "sete meses de formação" específica e que de resto já têm, explica Jaime, larga experiência "na prova de vinhos, sejam tranquilos ou fortificados, e também de bebidas espirituosas". É importante quando se quer ter "masterclasses". O mezanino que a loja tem servirá para isso e para outros eventos, incluindo por privados que queiram alugar essa área mais reservada da garrafeira.
"Nas máquinas [dispensadoras], temos vinhos com 150 anos à prova, em concreto um Tawyy Ferreirinha 1840. Temos vinho do Porto, ao qual damos especial destaque, ou não estivéssemos no Porto, mas também Moscatéis velhos, Carcavelos e vinho Madeira. As pessoas aderem muito a isto, porque podem provar um vinho com 100 ou 150 anos sem despender 3.000 euros numa garrafa."
No caso do Porto de 1840, a "experiência" fica, para um copo de prova de 25 ml, por 95 euros, com os 50 ml a custarem 185 euros. Mas Jaime Vaz dá outros exemplos. Um Niepoort de 1912 fica por 60 euros o copo de 25 ml e 105 euros o de 50 ml. "É um vinho que custa 1000, 1200 euros a garrafa." Ou um Madeira Bastardo 1927 (a casta Bastardo é uma das variedades recomendadas para vinho Madeira, mas praticamente não existe na região autónoma) a 53,5 euros o copo de 25 ml 53,5 euros (92,50 euros 0s 50 ml).
Jaime também tem "muitas provas a 5, 7 e 10 euros o copo" (50 ml), pelo que a prova na nova garrafeira da rua das Flores "não é elitista", garante. "De todo, tenho provas para todos os bolsos." No geral, para venda, são 3.500 as referências de vinho disponíveis, sendo que na empresa esse número sobe para 5.000 e é possível que, não existindo em stock no Porto, determinado vinho possa vir de uma das lojas de Lisboa. Desse total, "cerca de 85% são vinhos portugueses", das nossas 14 regiões vitivinícolas, e é possível comprar vinho "a partir de 3, 4 euros" até uns 35.000 euros.
É esse o valor do vinho mais caro que Jaime vende, um Romanée-Conti, o mais reputado produtor de Borgonha. Está entre os vinhos estrangeiros (700 referências ao todo) que a Garrafeira Nacional tem, de praticamente todo o mundo.
A Garrafeira Nacional do Porto abre das 10h às 21h, todos os dias do ano, excepto no dia de Natal e no dia de Ano Novo.