Festival Língua Terra está de volta a Setúbal, com música, cinema e artes plásticas

Na sua 4.ª edição, o festival Língua Terra tem este ano em cartaz Mart’nália, Moska, Karyna Gomes e Tiganá Santana, com vários convidados. Além de cinema brasileiro e artes plásticas.

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Tiganá Santana, uma estreia a fechar o festival JOSÉ DE HOLANDA
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Nascido no Brasil, em São Paulo, num encontro experimental entre criadores musicais em 2017, o festival Língua Terra assentou praça em Setúbal e a sua quarta edição começa já no dia 1 de Junho, com um concerto que reunirá dois conhecidos nomes da música brasileira, Mart’nália e Moska. Será no Fórum Municipal Luísa Todi, às 21h30. A edição deste ano anuncia ainda mais dois concertos para a mesma sala e no mesmo horário: dia 7, a guineense Karyna Gomes convida Remna (Guiné-Bissau), Princezito (Cabo Verde) e Prodígio (Angola) para o espectáculo Cantar Para Melhor Agir, celebrando os 100 anos do nascimento do líder africano Amílcar Cabral (1924-1973), fundador do PAIGC. Dia 8, será a vez de o brasileiro Tiganá Santana convidar Mayra Andrade (Cabo Verde), Lenna Bahule (Moçambique) e Dino D’Santiago (Portugal/CV).

Mart’nália e Moska, que também assina como Paulinho Moska, trabalham juntos há anos. Ele conheceu-a por ocasião do seu terceiro álbum Pé do Meu Samba (2002) e diz que “foi paixão à primeira vista, ou melhor, à primeira escuta”. Ela, filha de Martinho da Vila, já gravou várias canções dele, destacando Namora comigo, que Moska escreveu especialmente para ela. Em Portugal, onde já ambos tocaram mais do que uma vez, vão mostrar o que vale a soma dos dois.

O concerto de Karyna Gomes com Remna, Princezito e Prodígio, além de celebrar a vida e obra de Amílcar Cabral (que foi tio-avô de Karyna), celebra também “outras geografias dentro e fora do contexto das comunidades na grande diáspora de ambas as nações que originou com a sua luta, a Guiné-Bissau e Cabo-Verde”, já que a música “sempre fez parte da revolução de Cabral”. Uma celebração a quatro vozes de um legado que ainda hoje se recorda por todo o mundo.

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Paulinho Moska e Mart'nália DR

Por fim, uma estreia e um concerto “totalmente inédito e preparado exclusivamente para o Língua Terra”: Tiganá Santana, cantor, compositor e poeta nascido em Salvador da Bahia, que já gravou um álbum com temas em línguas africanas, estará em palco com os convidados Mayra Andrade, Lenna Bahule e Dino D’Santiago para um concerto que terá como base percussão, baixo e guitarras. Os bilhetes para os concertos de dias 1 e 8 são a 20 euros e para o de dia 7 a 10 euros.

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Karyna Gomes e Lenna Bahule DR

A par dos concertos, haverá um ciclo de cinema também relacionado com música e todo ele preenchido com filmes brasileiros. Decorrerá na Casa das Imagens Lauro António, sempre às 16h, com entrada livre, sujeita apenas à lotação da sala. Dia 1, será projectado Ilú Obá de Min - Homenagem a Elza Soares, a Pérola Negra, de Beto Brant, que documento o desfile daquele bloco carnavalesco em 2016, pelas ruas de São Paulo, exaltando a cultura afro-brasileira. Dia 5, é a vez de Pipoca Moderna, de Helder Lopes, que acompanha o quase centenário líder da Banda de Pífanos de Caruaru nas suas viagens familiares e musicais por Pernambuco. E no dia 7 é exibido Frevo Michiles, também de Helder Lopes, onde o compositor de frevo Jota Michiles fala da sua carreira e das suas composições, cantadas por artistas como Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Dominguinhos, Elba Ramalho Fafá de Belém, Amelinha ou Claudionor Germano.

No festival, há ainda lugar para uma exposição de artes plásticas de Sidney Cerqueira, nascido em Lisboa de pais guineenses, que o levaram ainda muito novo para a Guiné, onde viveu até se mudar para Portugal, aos 20 anos. Segundo a organização do festival, Sidney conta com mais de 100 exposições individuais e colectivas em vários países (Senegal, Portugal, Brasil, Mónaco, Luxemburgo, Estados Unidos, Itália, Bruxelas, Costa do Marfim, China). A exposição estará aberta ao público a partir de dia 7 de Junho, no Fórum Municipal Luísa Todi.

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