A família de Michael Schumacher foi indemnizada em 200 mil euros pela editora da revista que publicou uma entrevista falsa gerada por Inteligência Artificial (IA). Há um ano, a família processou a revista alemã Die Aktuelle, por ter feito capa com a "primeira entrevista" de Michael Schumacher, 55 anos, desde o acidente de esqui, em Dezembro de 2013, nos Alpes franceses, que lhe provocou uma grave lesão cerebral.
O corredor de Fórmula 1 sofreu um traumatismo craniano grave, esteve em coma vários meses, e nunca mais foi visto em público. O seu estado de saúde continua a ser uma incógnita, com a família a mantê-lo afastado do público. “Michael Schumacher, a primeira entrevista”, podia ler-se na capa da revista em letras garrafais, a 15 Abril do ano passado. A manchete era acompanhada de uma fotografia do piloto sorridente. Contudo, ao ler o texto, era perceptível que a revista não falara com Schumacher, tendo recorrido a um bot de IA que gerou respostas às perguntas do entrevistador. Dias depois, a editora da revista, Anna Hoffman, foi despedida.
Há dias, o Tribunal de Trabalho de Munique revelou que a editora da revista, a Funke Media, pagou 200 mil euros de indemnização à família Schumacher por danos morais. A informação sobre este pagamento veio a lume numa notícia recente do Übermedien, um órgão de comunicação social alemão, citado pelo El País, que refere ainda que o tribunal considerou o despedimento de Hoffman injustificado, pelo que a empresa poderá ter de indemnizar também a ex-funcionária.
O El País aponta que a família de Schumacher receberá de bom grado os 200 mil euros uma vez que o custo dos tratamentos do ex-atleta é muito elevado, ascendendo a milhões de euros por ano. Em 2015, diz a edição brasileira da Exame, a família gastava mais de 11 milhões de euros na sua recuperação. Sabe-se que a mulher do campeão de Fórmula 1, Corinna Schumacher, 55 anos, tem vendido algum património para cobrir essas despesas. A última venda foi no passado dia 14, num leilão levado a cabo pela Christie's, em Genebra, em que foram vendidos oito relógios pertencentes ao piloto, por quase quatro milhões de euros. Schumacher era um coleccionador de relógios. Dois deles eram presentes personalizados que recebera do então director da equipa Ferrari, Jean Todt, para celebrar os seus êxitos com a equipa italiana.
Um dia antes, foi leiloado um anel de ouro de 18 quilates e diamantes que a Ferrari oferecera a Schumacher no final da época de 2003 e que comemorava os cinco títulos consecutivos, entre 1999 e 2003. O anel foi vendido na casa de leilões Boham's, em Miami, por cerca de 7500 euros. A receber tratamento em casa, desde 2018 que Michael e a família, a mulher e dois filhos, vivem em Maiorca, na casa que pertenceu a Florentino Pérez, o presidente do Real Madrid. Entretanto, a mulher já vendeu outros bens, como o jacto privado, a casa de férias na Noruega, a mansão na Suíça — onde o ex-corredor iniciou a sua recuperação. O site especializado Celebrity Net Worth estima a fortuna actual de Schumacher em 600 milhões de dólares (552 milhões de euros).
Na Fórmula 1, Schumacher corria pela Ferrari. Em Março de 2001, chegou a receber 36 milhões de dólares por temporada — sendo dois terços provenientes de um patrocínio com uma multinacional de cigarros, refere a brasileira Exame. Ao longo de muitos anos, foi considerado um dos atletas mais bem pagos do mundo, segundo a lista da Forbes. Sete vezes campeão mundial, com cinco títulos consecutivos, Schumacher conquistou 91 vitórias, 155 pódios e 68 pole positions (quando o piloto inicia a corrida na primeira posição da grelha de partida). À sua frente está Lewis Hamilton, 39 anos, também heptacampeão, que conta com 103 vitórias, 197 pódios e 104 pole positions. No próximo ano, o piloto britânico vai deixar a Mercedes e reforçar a Ferrari.