A família de Michael Schumacher vai tomar medidas legais contra a revista alemã Die Aktuelle, que publicou uma alegada entrevista com o heptacampeão de Fórmula 1, gerada por inteligência artificial (IA), confirmou um porta-voz dos Schumacher à cadeia de televisão norte-americana ESPN.
A última edição da Die Aktuelle faz capa com o antigo piloto, sorridente, lendo-se em letras garrafais: “Michael Schumacher, a primeira entrevista.” Lá dentro, porém, descobre-se que os editores da publicação alemã, que se dedica a mexericos, conduziram uma entrevista através de inteligência artificial (IA), que assumiu as respostas que Schumacher poderia dar. No entanto, há partes do trabalho em que é feito um esforço para que a conversa pareça real.
A publicação cita Schumacher a dizer coisas como: “A minha vida mudou completamente desde [o acidente]; foi uma época horrível para a minha mulher, para os meus filhos e para toda a família.” Ou: “Fiquei tão gravemente ferido que fiquei deitado durante meses numa espécie de coma artificial, porque senão o meu corpo não conseguiria ter lidado com tudo isto.”
Schumacher, um dos maiores nas pistas de Fórmula 1, tendo dado à Ferrari cinco títulos mundiais consecutivos, entre 2000 e 2004 (os outros dois conquistou com a camisola da Benetton, em 1994 e 1995), sofreu um acidente de esqui, em Dezembro de 2013, na estância de Méribel, nos Alpes franceses. Na altura com 44 anos e já retirado do mundo do automobilismo, o ex-piloto embateu com a cabeça numa rocha, tendo quebrado o capacete que usava, o que resultou em lesões cerebrais graves, exigindo que fosse mantido em coma durante quase meio ano.
Nove meses depois do acidente, Schumacher recebeu alta, ficando aos cuidados da família. Desde então, as informações sobre o estado de saúde do antigo automobilista têm sido escassas e, só no fim de 2018, cinco anos após o acidente, foi divulgado que o atleta já respirava sem necessitar da ajuda de aparelhos. Desde então, a família tem mantido privado tudo o que se relaciona com o ex-piloto, ainda que o ex-presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Jean Todt, tenha, em 2019, adiantado que o ex-campeão “já não consegue comunicar como antes”.
Num documentário da Netflix de 2021, a mulher do antigo campeão, Corinna Schumacher, revelou alguns pormenores sobre a vida privada, porém, sem se alongar. “Vivemos juntos em casa, fazemos terapia, fazemos tudo o que podemos para tornar Michael melhor e para garantir o seu conforto”, contou, fazendo a ressalva de que “o que é privado é privado”. E concluiu: “O Michael sempre nos protegeu, e agora estamos a proteger o Michael.”