Ministra volta a reunir-se com estruturas da PSP e GNR. Polícias admitem voltar aos protestos

PSP e GNR propõem que os actuais 100 euros pagos aos polícias no suplemento por serviço e risco nas forças de segurança sejam substituídos por uma componente fixa de 712,96 euros.

Foto
Polícias admitem reeditar as manifestações de protesto contra as políticas governamentais Nuno Ferreira Santos (arquivo)
Ouça este artigo
00:00
02:27

A ministra da Administração Interna volta esta quinta-feira a reunir-se com os sindicatos da PSP e associações da GNR por causa do suplemento de missão, depois de há uma semana ter apresentado uma nova proposta que desagradou aos polícias.

Trata-se da terceira reunião negocial entre Margarida Blasco e os seis sindicatos da Polícia de Segurança Pública e as cinco associações da Guarda Nacional Republicana, que já anunciaram a intenção de abandonar as negociações e voltar aos protestos caso o Governo não apresente uma proposta que vá ao encontro das expectativas dos polícias.

Na semana passada, o Ministério da Administração Interna propôs um novo suplemento de missão entre os 521 e os 730 euros e o fim do actual suplemento por serviço e risco nas forças de segurança, tendo apresentado uma cláusula de garantia mínima no valor de 150 euros para os postos onde a percentagem não garantia um aumento de vencimento.

Segundo a nova proposta, a que Lusa teve acesso, o novo suplemento de missão tem como referência o vencimento base do director nacional da PSP e comandante-geral da GNR e substitui o actual suplemento por serviço e risco nas forças de segurança, que inclui uma componente fixa de 100 euros e uma variável de 20% do salário base.

Com esta nova proposta, os oficiais passariam a ter um suplemento de missão de 14% da remuneração base do comandante da GNR e do director nacional da PSP, que é de 5.216,23 euros, enquanto a percentagem para os sargentos da GNR e chefes da PSP é de 12% e para os guardas e agentes é de 10%.

Os sindicatos da PSP e as associações da GNR não aceitam esta proposta, que consideraram "ridícula" e que dizem criar "situações ilegais e até no limite inconstitucionais", uma vez que a garantia mínima de 150 euros de aumento vai perder-se nas promoções futuras.

A plataforma dos sindicatos da PSP e associações da GNR propõem que os actuais 100 euros pagos aos polícias no suplemento por serviço e risco nas forças de segurança sejam substituídos por uma componente fixa de 712,96 euros, o que se traduziria num aumento efectivo de cerca de 600 euros, além da manutenção da componente variável do suplemento, que corresponde a 20% do salário.

O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Santos, disse à Lusa que vão ouvir a ministra, mas alertou que os polícias "não aceitam qualquer proposta", exigindo que o Governo altere os valores do suplemento e o modelo de aplicação. Paulo Santos afirmou ainda que a reunião de hoje vai ditar se os sindicatos vão "continuar as negociações ou vão para a luta".