Susan Sarandon serve à mesa em Nova Iorque para exigir salários dignos
A actriz, a mais velha de nove irmãos e mãe solteira, revelou que foi empregada de mesa num determinado momento da sua vida pessoal e não apenas no filme Thelma e Louise.
A actriz e activista Susan Sarandon, de 77 anos, vestiu nesta segunda-feira o uniforme de empregada de mesa de uma famosa pizzaria nova-iorquina para exigir salários dignos para os trabalhadores da restauração, numa tentativa de "despertar" a sociedade para o problema laboral desta classe.
Sarandon, que nasceu em Nova Iorque, é presença constante nos protestos na sua cidade e, desta vez, surgiu no icónico Grimald's, próximo da Ponte de Brooklyn, para dar o seu rosto e voz à iniciativa "Servant for an Hour" da One Fair Wage, uma organização não-governamental (ONG) que procura acabar com os salários "submínimos" no país.
"É claro que nada de importante veio de cima: sempre foi o povo. E é isso que temos de fazer: acordar o povo, porque juntos somos fortes", frisou a vencedora do Óscar por Dead Man Walking (1995), depois de tomar nota e servir pizzas em diversas mesas lotadas de jornalistas e activistas.
A actriz, a mais velha de nove irmãos e mãe solteira, revelou que foi empregada de mesa num determinado momento da sua vida pessoal e não apenas no filme Thelma e Louise (1991), e que, por isso, tem empatia com a maioria das mulheres que compõem o mercado de trabalho na restauração. Sarandon lançou o alerta ao poder político de Nova Iorque, mas também aos nova-iorquinos.
"Temos orgulho de sermos progressistas", vangloriou-se, observando que os restaurantes em Nova Iorque só são obrigados a pagar aos seus empregados de mesa 66% do salário mínimo, ou entre 10 e 13,45 dólares por hora, sublinhando que "mesmo na Florida [um estado republicano] aprovaram um mínimo de 15 dólares".
Para a actriz, os sindicatos são importantes, mas neste caso defende a legislação e a pressão da sociedade. Susan Sarandon continua a ser uma das poucas figuras de Hollywood que se atreve a assumir uma posição política apesar das consequências: no ano passado a sua agência de representação cancelou o seu contrato após alguns comentários polémicos numa manifestação pró-Palestina, declarações que teve de suavizar posteriormente, após ter sido acusada de anti-semitismo.
Esta segunda-feira, embora a sua conta na rede social X ainda fosse dominada por mensagens e vídeos pró-Palestina, a também activista esteve concentrada em acabar com o salário "submínimo" dos empregados de mesa, que também enfrentam altos índices de pobreza e assédio sexual. Sarandon considera que é sua responsabilidade utilizar o seu acesso aos media para tornar visíveis os problemas dos outros. "O novo foco nos sindicatos e nos movimentos estudantis é a única coisa que me dá esperança nestes dias. É um sinal saudável de que as pessoas estão a começar a exigir que sejam tratadas com dignidade e justiça", conclui.