Manchester City, campeão à prova de surpresas

Triunfo por 3-1 sobre o West Ham garantiu o tetracampeonato para a equipa de Guardiola na Premier League. Arsenal voltou a ficar perto, mas ainda não foi desta que quebrou o jejum.

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Guardiola, mais um título de campeão Molly Darlington / REUTERS
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A Premier League inglesa tornou-se aborrecida. Não pelos jogos espectaculares, que continuam a ser muitos, nem pela qualidade dos jogadores, mas porque o campeão se tornou previsível. O Manchester City garantiu neste domingo mais um título de campeão inglês, ao vencer em casa o West Ham, por 3-1, enquanto o Arsenal, que ainda sonhava com o título, teve um triunfo inglório, em Londres (2-1), sobre o Everton. Para que a equipa de Guardiola não fosse campeã, teria de perder pontos frente aos “hammers” e os “gunners” teriam de ganhar. Mas esta dupla condição não se verificou e o City segurou o seu quarto título consecutivo.

No Etihad, o City entrou a matar. Nem dois minutos tinham passado e já Phil Foden, o melhor jogador do ano na Premier League, fazia o marcador funcionar com um espectacular remate de fora da área. Pouco depois, o jovem internacional inglês dobrava essa vantagem e os adeptos já soltavam a festa nas bancadas. Mas o West Ham, que se despedia do seu treinador de muitos anos, David Moyes, lançou algumas dúvidas no desfecho do jogo ainda antes do intervalo, com um momento de grande espectáculo de Kudus – golo de pontapé de bicicleta sem hipótese para Ortega.

Com a vantagem mínima haveria sempre margem para uma surpresa – e bastava um empate do City para o Arsenal passar para a frente, desde que conseguisse ganhar ao Everton. Mas Rodri encarregou-se de deixar o jogo à prova de qualquer reviravolta, com um remate colocado que deixou o jogo e o título nas mãos de Guardiola. Os “hammers” ainda voltaram a deixar o Etihad em suspenso, com Souçek a meter a bola na baliza de Ortega, mas foi invalidado – o golo do checo foi com o braço. E, quando o jogo acabou, os adeptos invadiram o campo para festejar, o que atrasou um pouco a entrega da taça e das medalhas.

Enquanto isso, o Arsenal lá conseguiu vencer em Londres o Everton por 2-1. Foi uma reviravolta que acabou por ter pouco significado para a equipa de Mikel Arteta. Idrissa Gueye colocou os “blues” de Liverpool em vantagem aos 40’, mas Tomiyasu empatou ainda antes do intervalo. Já perto do final do jogo, aos 89’, foi Havertz a dar o triunfo ao Arsenal, mas sem o sabor desejado do título. No Emirates, também havia uma taça para entregar caso houvesse campeão ali e a logística estava preparada para a festa, mas ficou tudo guardado.

Este foi o 10.º título de campeão inglês para o City, o oitavo desde que a família real de Abu Dhabi tomou conta do clube e o sexto com Pep Guardiola. O técnico catalão chegou à 49.ª conquista da sua carreira – o primeiro título, recorde-se, foi de campeão da terceira divisão espanhola com o Barcelona B em 2007-08 – e ainda pode chegar nesta época às cinco dezenas de troféus, se vencer a final da FA Cup frente ao Manchester United. Em toda a sua carreira, Pep só não foi campeão em três épocas – perdeu a liga espanhola para o Real Madrid de Mourinho em 2011-12, a Premier League para o Chelsea de Conte na sua primeira época em Inglaterra (2016-17) e para o Liverpool de Klopp em 2019-20.

Muitos jogadores deste City são repetentes nos títulos e dois dos mais titulados são portugueses, Rúben Dias (quatro títulos) e Bernardo Silva (seis títulos), dois indispensáveis para Guardiola. Já Matheus Nunes, que chegou este ano ao City proveniente do Wolverhampton, foi campeão inglês pela primeira vez, ele que ainda não se assumiu como um titular indiscutível no meio-campo dos “citizens”. Quanto a Erling Haaland, não teve uma época tão fulgurante como a passada, mas voltou a ser o máximo goleador do City (38 golos em todas as competições).

A principal figura acabou por ser Phil Foden, o jovem nascido em Stockport (perto de Manchester) e que fez toda a formação no City. O internacional inglês assumiu o estatuto de primeira figura, com 27 golos e 12 assistências, os seus melhores números desde que começou a jogar na primeira equipa em 2017-18.

Esta não foi a época mais dominadora do City de Guardiola na Premier League e este título foi um dos mais apertados, culpa do Arsenal de Arteta, que conseguiu levar a discussão até à última jornada – acabou por ficar a apenas dois pontos. E, antecipando já um pouco a nova época, parecem ser os “gunners” a principal ameaça à hegemonia dos azuis de Manchester, já que os outros candidatos clássicos, como o Chelsea, o Manchester United ou o Liverpool, não se apresentam como modelos de estabilidade.

Para o Liverpool, em particular, este último dia de Premier League teve uma carga emocional, pela despedida de Jürgen Klopp em Anfield, após nove anos. O técnico alemão já tinha anunciado que iria abandonar os “reds” (e já tem substituto, o neerlandês Arne Slot), mas teve o seu momento no relvado, perante os adeptos, a dizer que é um deles e a ensaiar com eles um cântico para o novo treinador. E Anfield cantou para ele “You’ll never walk alone” uma última vez.

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