Faculdade de Ciências da U. Porto fecha edifício ocupado por estudantes pró-Palestina

Os manifestantes ocuparam na quinta-feira à noite o edifício de Ciências da Computação da Universidade do Porto para apelar a um cessar-fogo na Palestina. Protestam agora no jardim do espaço.

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Estudantes pró-palestina da UP protestam em frente à Reitoria Ana Marques Maia
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A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) encerrou durante a madrugada de sexta-feira, 17 de Maio, o edifício onde funciona o Departamento de Ciência de Computadores. O espaço, que habitualmente fica aberto 24 horas, foi fechado depois de ter sido ocupado por estudantes em solidariedade com a Palestina.

Na quinta-feira à noite, por volta das 22h30, um grupo de mais de 50 estudantes e activistas ocuparam o Departamento de Ciência de Computadores tendo, pouco tempo depois, sido informados que não poderiam permanecer no interior. Decidiram então concentrar-se no exterior do edifício, onde pernoitaram.

Contudo, às 00h13, os seguranças fecharam “por indicações superiores” as portas do edifício. No interior estavam mais de dez alunos a estudar que tiveram de abandonar o espaço, constatou a Lusa no local.

À porta, os estudantes contestaram e lamentaram a decisão por terem ficado privados do local de estudo, criticando e acusando os manifestantes pelo sucedido.

Em comunicado enviado ao P3 durante a madrugada desta sexta-feira, os estudantes pró-Palestina afirmam ter tido a “preocupação de falar” com os alunos que estavam no interior do departamento e procuraram “garantir as condições mínimas para o seu estudo”. "Assim sendo, repudiamos a atitude da direcção da FCUP, que tem como finalidade pôr estudantes contra estudantes numa tentativa de desmobilizar a nossa acção solidária com o povo palestiniano", lê-se.

O grupo de alunos e activistas de diferentes movimentos continua à porta do Departamento de Ciência de Computadores.

Reitoria diz que protesto é pacífico

Durante a manhã desta sexta-feira, em declarações à Lusa, fonte da reitoria da UP adiantou que os manifestantes montaram 12 tendas no jardim desta faculdade, onde ainda permanecem "livre e pacificamente". "Os estudantes assumiram o compromisso de não ocupar o edifício de estudo de Ciências de Computadores, de forma a não perturbarem os colegas que necessitam de trabalhar, e estão a cumprir", acrescentou.

Os manifestantes exigem que a Universidade do Porto “rompa imediatamente todas as relações que mantém com instituições e empresas israelitas e que condene oficialmente o actual genocídio na Palestina”.

"Solidariedade proletária por uma Palestina Livre", "Israel não é uma democracia, Israel é um país terrorista", "A revolução começa aqui", escreveram nos cartazes que espalharam pelo jardim.

A acção faz parte da luta internacional de protesto estudantil que se iniciou em universidades norte-americanas e já se estendeu a instituições de ensino superior em Lisboa e outra cidades europeias, do Canadá, México e até Austrália, a exigir o fim da ofensiva israelita na Faixa de Gaza.

Num outro protesto junto à reitoria da Universidade do Porto, no início de Maio, o reitor manifestou apoio à causa pela defesa da Palestina, mas declarou que esta instituição não tem parcerias com o Estado israelita.

António Sousa Pereira acrescentou que as faculdades mencionadas na carta aberta dos estudantes e que, dizem os manifestantes, têm ligações com empresas israelitas, “fazem parte de consórcios internacionais, onde participam instituições científicas e de ensino israelita, mas não há qualquer tipo de ligação directa com o Estado.” Entre elas estavam o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e o Instituto de Biologia Molecular e Celular que confirmaram ao P3 que as relações com Israel já terminaram.

Assim sendo, e como estas instituições científicas "não representam um governo", António Sousa Pereira considera que não faz sentido terminar com as parcerias.

Ainda assim, Joana Bernardes, porta-voz dos manifestantes que ocuparam a Faculdade de Ciências, recordou à Lusa que a Universidade do Porto continua a realizar eventos e palestras que contam com a presença do embaixador de Israel em Portugal, situação que lamenta.

Em relação às alegadas parcerias de instituições científicas da UP com o Governo israelita, defende que a ciência "não é um instrumento neutro, mas uma ferramenta que os Estados e outros agentes políticos e económicos usam para avançar com os seus objectivos".

Artigo actualizado às 11h58 para acrescentar as novas declarações da reitoria em relação à ocupação da FCUP e dos manifestantes.