Trabalhadores mais jovens sentem-se menos envolvidos no trabalho e por isso despedem-se

Estudo revela que o salário e outras regalias deixaram de ser o mais importante. Para a geração Z, o trabalho ocupa um papel secundário e o bem-estar físico e mental está em primeiro lugar.

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Gerações mais jovens sentem-se menos envolvidas no trabalho e por isso despedem-se Paulo Pimenta
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Os trabalhadores das gerações mais jovens são os que sentem menos envolvimento no trabalho e os que têm entre 44 e 59 anos apresentam maior risco ao nível da saúde mental, revela um estudo que será divulgado esta quinta-feira, 16 de Maio.

O trabalho, desenvolvido pelo Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis (LABPATS), concluiu que os profissionais até aos 29 anos (geração Z) são os que têm a percepção mais positiva da ética e valores das organizações, do ambiente psicossocial e do compromisso com a liderança, caracterizando-a como assertiva.

Em declarações à Lusa, a coordenadora do estudo, a psicóloga Tânia Gaspar de Matos, explicou que as especificidades das diferentes gerações que convivem numa empresa estão relacionadas "com a idade, mas também com os momentos políticos e sociais onde se desenvolveram".

Tendo em conta que Portugal é dos países em que os filhos ficam até mais tarde em casa dos pais, isto implica que esta geração mais nova, mas que já está a trabalhar, acabe por ter uma "menor sobrecarga" em termos financeiros. Além disso, defende a psicóloga, "têm uma atitude diferente face ao trabalho, mais flexível" e, por conseguinte, o emprego vai ocupar um "papel mais pequeno" na vida deles quando comparado às "gerações mais velhas". Desta forma, é importante que as empresas acompanhem de forma diferente estes jovens para quem "o mais importante já não é o salário".

"Eu tenho vários empregadores que me dizem: eu dou-lhes salário extra, dou-lhes férias pagas, telemóvel, carro e eles vão-se embora", contou.

Estes trabalhadores "procuram outras coisas na sua vida (...) para se sentirem bem" e as empresas, se os quiserem manter, devem desenvolver políticas dirigidas às suas preocupações que passam mais pela flexibilidade de horários, pela confiança no seu trabalho, pela autonomia e pela promoção da saúde mental, defendeu.

O estudo indica mesmo que são os profissionais das duas gerações mais novas ( Z e Y até aos 44 anos) que referem menos envolvimento na organização. Já os profissionais das gerações mais velhas (X e baby boomers maiores de 40 anos) têm uma percepção mais positiva do envolvimento da comunidade, do teletrabalho e do ambiente físico de trabalho.

No entanto, todas as gerações concordam que as organizações têm recursos escassos para a saúde.

Relativamente ao modelo de trabalho desenvolvido, são os profissionais que estão em teletrabalho ou em trabalho híbrido que revelam melhores indicadores ao nível da ética e valores da organização, compromisso com a liderança e melhor percepção de desempenho. Tendo em conta a dimensão da organização, as empresas mais pequenas são as que apresentam "indicadores mais positivos ao nível do ambiente de trabalho saudável".

Em relação ao sector de actividade, os profissionais que apresentam um maior índice de risco são os da administração pública, os do sector dos transportes e os profissionais de saúde. A comparação entre organizações públicas e privadas demonstra que são os profissionais das organizações privadas que revelam indicadores mais positivos ao nível do ambiente de trabalho saudável.

O LABPATS estuda a saúde e o bem-estar dos funcionários e das empresas, ajudando a definir políticas com impacto na saúde e bem-estar, desenvolvimento saudável e sustentável dos profissionais e das organizações.

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