Chega quer proibir importações para a UE de países que violem direitos humanos

No mesmo discurso em que afirmou defender “direitos humanos e laborais”, a propósito das propostas do Chega para as europeias, André Ventura sugeriu uma política de deportação de imigrantes.

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André Ventura na apresentação do programa eleitoral do Chega para as europeias, em Lisboa RODRIGO ANTUNES / LUSA
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O líder do Chega propôs esta terça-feira a deportação de imigrantes em situação irregular para os seus países de origem, assim como a proibição de importações para a União Europeia de produtos provenientes de países que violem os direitos humanos.

Num discurso num hotel em Lisboa, no âmbito da apresentação do programa eleitoral do Chega para as europeias, André Ventura defendeu que os acordos da União Europeia (UE) com países como a China são o que está a "destruir a agricultura europeia".

"Famílias inteiras estão a ser destruídas porque temos a China a entrar aqui com produtos muito mais baratos, a América Latina a entrar com produtos muito mais baratos, e assim sucessivamente por outros países do mundo", argumentou.

O líder do Chega sustentou que, se a UE quer "implementar uma política de direitos humanos a sério", então não deve apenas exigir aos seus Estados-membros que os cumpram, mas também que os países com quem tem acordos comerciais o façam. "Para nós, tem de ser simples: países que não cumpram os direitos humanos e laborais não podem exportar para a UE."

No programa eleitoral do Chega, com o título "A Europa precisa de uma limpeza", o partido defende a revisão dos acordos de comércio livre "com países de outras regiões mundiais alvo de crítica à concorrência justa, devido à importação de bens alimentares mais baratos, alegadamente com regras de produção menos estritas".

No seu discurso, André Ventura alegou que a UE "teve um milhão de pedidos de asilo" no ano passado e defendeu a deportação de imigrantes em situação irregular, apesar de dizer que não concorda com a ideia de uma "Europa fortaleza".

"Quem quer vir para este continente viver tem de fazer uma coisa, e tem de pôr uma coisa na cabeça: ou cumpre regras ou será deportado para o seu país de origem", disse.

Sobre o tema da imigração, o Chega defende também, no seu programa eleitoral, a revogação do acordo de mobilidade com a CPLP, a revisão da lei da nacionalidade, assim como "a eliminação de toda e qualquer ajuda e subvenção nacional e comunitária às ONG que apoiem a imigração ilegal".

No final de um discurso em que, com a excepção da agricultura e da imigração, não abordou as propostas do Chega para a Europa, Ventura considerou que as próximas eleições podem funcionar como "barómetro" da política portuguesa e assumiu o objectivo de as vencer.

Antes de André Ventura, o cabeça de lista do Chega, António Tânger Correia, defendeu que o que se passa hoje em Bruxelas "é mais importante do que o que se passa em São Bento" e disse que é preciso "devolver Portugal aos portugueses".

"Nós somos a favor de uma UE forte, estável, espaço de paz, mas de nações soberanas. Repudiamos qualquer forma de federalismo ou de interferência na soberania nacional. Nós vamos representar, não só Portugal, mas o que consideramos os bons valores do Ocidente", assegurou.