Biden atrás de Trump em cinco de seis estados decisivos na eleição presidencial

Nova sondagem da Universidade Siena, de Nova Iorque, indica que o Presidente dos Estados Unidos está a ser prejudicado por uma diminuição do apoio dos mais jovens, dos negros e dos hispânicos.

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Joe Biden e Donald Trump durante um debate na campanha para a eleição presidencial de 2020 MIKE SEGAR / REUTERS
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A melhoria dos principais indicadores económicos nos Estados Unidos e o início do julgamento de Donald Trump em Nova Iorque, num caso relacionado com o pagamento pelo silêncio de uma antiga actriz de filmes pornográficos, não foram suficientes para reverter a desvantagem de Joe Biden nas sondagens em seis estados que vão ser decisivos para a escolha do próximo Presidente dos EUA.

Segundo uma nova sondagem da Universidade Siena e dos jornais New York Times e Philadelphia Inquirer, Biden lidera em apenas um dos seis estados em causa, o Wisconsin, com uma vantagem de dois pontos percentuais sobre Trump (47%-45%) entre os eleitores registados.

No subgrupo dos eleitores que se mostram decididos a votar nas próximas eleições, o Presidente dos EUA e candidato do Partido Democrata aproxima-se do seu opositor do Partido Republicano, mas mantém-se à frente em apenas um dos seis estados, o Michigan, por um ponto percentual (47%-46%).

Os eleitores dos seis estados analisados — Arizona, Georgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin — deram a vitória a Biden na eleição presidencial de 2020, mas as sondagens dos últimos meses têm indicado que o Presidente dos EUA está em risco de não repetir alguns desses triunfos, o que pode condenar ao fracasso a sua tentativa de reeleição.

A sondagem mais recente, publicada nesta segunda-feira, reflecte uma aparente perda de apoio de Biden junto dos jovens, dos negros e dos hispânicos, em relação a 2020, principalmente devido à política da Casa Branca sobre a guerra em Gaza e a um descontentamento com a situação da economia, apesar da diminuição da inflação e de melhorias na criação de postos de trabalho.

"Fico preocupado quando ouço a Casa Branca dizer que a economia está bem", disse ao New York Times Jacob Sprague, um engenheiro de sistemas de 32 anos, do Nevada, que diz ter votado em Biden em 2020. "Isso é muito estranho, porque eu estou a pagar mais em impostos, em alimentação, em habitação e em combustível."

Apesar de Biden ter recuperado nas sondagens a nível nacional, depois de um período em que chegou a ter três pontos percentuais de desvantagem em relação a Trump — surgindo agora ligeiramente atrás, entre 0,7% e 1,2%, segundo as médias dos sites FiveThirtyEight e Real Clear Politics —, o Presidente dos EUA e candidato do Partido Democrata não será reeleito se não vencer em pelos menos três dos seis estados decisivos, mesmo que triunfe em todos os outros estados onde venceu na eleição de 2020.

Nesta atura, a seis meses da eleição, Biden parece ter mais hipóteses de bater Trump no Michigan, na Pensilvânia e no Wisconsin, três estados em que a população branca varia entre os 74% e os 82%. Segundo o New York Times, isto deve-se ao facto de o eleitorado branco e mais velho, em estados que não são claramente progressistas nem conservadores, tende a favorecer uma governação estável e de continuidade e a temer uma erosão da democracia no país.

Por outro lado, a maior diversidade populacional no Arizona, na Georgia e no Nevada — onde a população branca varia entre 51% e 57% — pode favorecer Trump em Novembro, graças a um desejo de mudança profunda na política e na economia entre uma parte dos negros e dos hispânicos mais jovens.

"A sensação de que Biden fará pouco para melhorar a situação do país contribuiu para uma perda de apoio entre os jovens, os negros e os hispânicos, que costumam representar a base de qualquer trajecto do Partido Democrata em direcção à Casa Branca", diz o jornal. "A nova sondagem indica que estes três grupos anseiam por mudanças fundamentais na sociedade americana, e não apenas um regresso à normalidade."

Ainda que as sondagens estejam longe de determinar quem será o próximo Presidente dos EUA — principalmente numa corrida que, segundo as mesmas sondagens, pode ser perdida por algumas dezenas de milhares de votos em apenas três dos 50 estados norte-americanos —, a perda de apoio de Biden entre os jovens e os negros pode ser uma verdadeira dor de cabeça para a sua campanha de reeleição.

Segundo o estudo da Universidade Siena, feito através de consultas por telefone a 4097 eleitores nos seis estados em causa, Biden e Trump têm um apoio semelhante entre os eleitores dos 18 aos 29 anos e os hispânicos — dois grupos que, em 2020, votaram em grande número em Biden, acima dos 60%.

Entre o eleitorado negro, o apoio a Trump, que foi de 8% em 2016 e 12% em 2020, pode chegar este ano perto dos 20% — o que, a confirmar-se, será um novo máximo no apoio do eleitorado negro a um candidato republicano nos últimos 60 anos, desde que o Congresso dos EUA aprovou a Lei dos Direitos Civis de 1964.

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