Montenegro reflecte sobre os fundos europeus: “Não aproveitámos suficientemente”

Na abertura de uma conferência sobre o Dia da Europa, o primeiro-ministro recorreu a uma expressão de Cavaco Silva e defendeu que é preciso colocar Portugal “no pelotão da frente da União Europeia”.

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Luís Montenegro esteve na abertura do ciclo de conferências que assinala o Dia da Europa ANTÓNIO PEDRO SANTOS / LUSA
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No dia em que se celebra a Europa e que Aliança Democrática e PS irão apresentar os seus programas para as eleições europeias, o primeiro-ministro lançou críticas à execução dos fundos europeus e levantou o véu do que deverá ser a estratégia do seu partido para as eleições de 9 de Junho. Embora reconheça o crescimento do país desde que aderiu à União Europeia, Luís Montenegro afirma que é preciso fazer “um uso muito criterioso dos fundos [europeus] à disposição [do país]”. E pediu a capacidade de fazer uma autocrítica para reconhecer: Não aproveitámos suficientemente [os fundos]. “Devíamos ter hoje melhores resultados face aos apoios que tivemos nos últimos anos”, disse ainda o primeiro-ministro.

Na abertura da conferência Europa, que futuro?, que integra o ciclo de conferências da RTP/Sociedade Civil e que decorre esta quinta-feira no Centro Cultural de Belém (o mesmo local onde a AD irá apresentar, ao fim da tarde, o seu manifesto eleitoral para as europeias), o primeiro-ministro assinalou ainda a evolução do PIB per capita desde a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia, quando o PIB era é de 58% da média europeia, estando hoje nos 75%.

Sublinhou que a maior aproximação foi feita até ao ano 2000, quando chegou aos 71%. O que quer dizer que o ritmo de aproximação nos primeiros 15 anos foi brutal e o ritmo de 25 anos seguintes foi praticamente de estagnação, lamentou.

Por isso, Montenegro pede que o país se coloque na linha da frente. Temos mesmo de fixar como objectivo nacional deixarmos de ser um país da coesão, temos de ter como ambição para Portugal sermos um contribuinte líquido da União Europeia e estarmos solidários com aqueles que chegam à União Europeia, disse, referindo-se ao próximo alargamento a novos Estados-membros.

A alternativa será eternizar uma situação de dependência e estar sempre à espera de uma ajuda, uma posição criticada também justamente pelo cabeça de lista da Aliança Democrática, Sebastião Bugalho, que na apresentação da sua candidatura disse que não se podia olhar para a Europa como um multibanco”.

Um país que invista de forma estratégica e não a pensar no efeito imediato, como por vezes acontece, em que temos de gastar o dinheiro, se não vamos perdê-lo: esta não é mentalidade de quem quer estar no pelotão da frente, referiu, recorrendo à expressão usada pelo antigo primeiro-ministro social-democrata e ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.

Num discurso assente na ideia de que somos tão portugueses quanto europeus”, Montenegro elogiou o mercado único de pessoas e bens que permite ter um horizonte que não se esgota nas fronteiras do nosso país.

A um mês das eleições, Montenegro recordou que há muitas realidades que chegam ao nosso quotidiano que provêm de decisões dos órgãos da União Europeia, desde a expressão dos direitos do consumidor aos mais variados direitos sociais, exemplificou. Até o roaming que há uns anos dificultava a comunicação é uma conquista europeia e que hoje facilita a vida a pessoas e empresas, realçou.

Esta liberdade que fomos conquistando de circulação e aproximação é a raiz identitária da União Europeia, acrescentou Montenegro.

O primeiro-ministro apelou ainda à mobilização dos eleitores para eleger os representantes do Parlamento Europeu, anunciado que, tal como o Presidente da República, também irá votar antecipadamente para dar o exemplo”.

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