Sim, aqui na Fugas somos pelos burros e, na mesma medida, contra a transformação das espécies animais em adjectivos depreciativos — um-dois-três-diga-lá-outra-vez: burro, cabra, vaca, cobra, porco... "Deixemos para trás e de vez as conotações negativas a que erradamente a palavra burro é associada e celebremos o carácter curioso e inteligente do burro, que transparece no seu olhar profundo." O dia 8 de Maio, estabelecido oficialmente em 2019 como Dia Internacional do Burro, dedica-se precisamente ao reconhecimento do burro e das suas inúmeras características surpreendentes, um dia para celebrar a vida do burro e o impacto que teve na nossa sociedade.
O Dia Mundial do Burro foi proposto pela primeira vez em 2018 por Ark Raziq, cientista especialista em animais do deserto. Um ano depois, o burro estava no calendário. "Hoje é um grande dia!", exclama à Fugas Cláudia Costa, da AEPGA, Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino que tinha sido criada muito antes, em 2001, e que hoje continua a celebrar a data com entusiasmo.
"Este dia passou a ser celebrado como uma manifestação de respeito, reconhecimento e agradecimento a estes animais, que há milhares de anos acompanham os seres humanos, sendo pouco valorizados. Os burros foram, e ainda são em tantos países, força de carga no desenvolvimento de muitas comunidades, motor no trabalho da terra para a produção de alimento e para a recolha da água, transporte para a circulação de pessoas e bens essenciais em lugares inóspitos e cenários difíceis, até de guerra, onde nada mais funciona. Fizeram e fazem tudo isto com a sua natureza estóica, serena e ternurenta que caracteriza esta espécie", escreve a AEPGA na sua conta de Instagram.
No entender da associação com sede em Atenor, Miranda do Douro, este dia existe para "promover a dignificação de todos os burros e dos papéis que estes assumem em diversas comunidades por todo o mundo".
Na AEPGA zela-se pelo bem-estar dos asininos, destacando-se o Burro de Miranda, raça autóctone portuguesa ameaçada de extinção que "contribuiu de forma determinante para a ruralidade, cultura e história de Portugal".
Actualmente, a AEPGA tem ao seu cuidado cerca de 120 burros e já nasceram dois burrinhos em 2024: O Uivo, no dia 20 de Março, e, há cerca de duas semanas, uma burrinha, que ainda não foi baptizada.
"A missão da associação", escreve a AEPGA, "visa não só proteger, como também aportar uma imagem positiva dos burros para a sociedade. A divulgação da comunidade é fundamental para que a nossa mensagem, pela dignificação dos burros e o bem-estar de todos os animais, chegue a cada vez mais pessoas." Assim, neste Dia Mundial do Burro foi lançado um cartaz para juntar à colecção alusiva às cinco Liberdades do Bem-Estar Animal. "A Liberdade de Sofrimento sublinha a importância de serem proporcionados cuidados médico-veterinários ao longo da vida de um animal. Esta liberdade relembra que se deve dar prioridade à prevenção de problemas de saúde e actuar de forma célere nos estádios iniciais das patologias e lesões, para que o diagnóstico e tratamento sejam eficazes, diminuindo assim a probabilidade de sofrerem dor desnecessária ou desenvolverem doenças prolongadas."
Na agenda da AEPGA, refira-se ainda a realização do seminário Nordeste, naturalmente - Território, Geo-Biodiversidade, Sustentabilidade e Natureza, que irá decorrer no PINTA - Parque Ibérico de Natureza e Aventura de Vimioso, no dia 27 de Maio, encontro que servirá para "pensar sobre novas formas de valorização do território".