Sporting é quem mais pode queixar-se da arbitragem na I Liga
Segundo as crónicas de arbitragem do PÚBLICO, o mais prejudicado foi... o campeão. No fim, todos perderam e ganharam aqui e acolá. O Sporting poderia queixar-se mais, mas, como ganhou, não o fará.
Há duas temporadas, houve um relativo equilíbrio nos erros de arbitragem nos jogos de Sporting, Benfica e FC Porto – e os “encarnados” não poderiam queixar-se tanto como se queixaram na altura. Há duas temporadas, os três dividiram ainda melhor a quota de erros nas diversas categorias – um liderou nos penáltis, outro nos vermelhos, outro nos golos anulados. No ano passado, calhou ao FC Porto. Nesta temporada, cabe ao Sporting poder queixar-se um pouco mais – mesmo que não muito.
Esta é a conclusão da soma dos erros apontados nas crónicas semanais de Pedro Henriques, especialista do PÚBLICO que avalia os árbitros nos jogos dos três “grandes”.
Neste ano, como noutros, as coisas acabam por equilibrar-se e todos têm razões de queixa aqui e acolá. E os que mais se queixam noutra temporada acabam por “enfiar a viola no saco” no ano seguinte.
O Sporting, campeão nacional, até é, curiosamente, quem mais poderá queixar-se sobre 2023/24, sobretudo em matéria de penáltis por assinalar. Outra conclusão relevante é que, de modo geral, houve menos erros de arbitragem do que noutras temporadas.
Antes de partirmos à análise detalhada, importa esclarecer que a análise comporta a compilação das opiniões semanais de Pedro Henriques e que compreende a contabilização directa de erros e acertos, sem a dimensão subjectiva e imensurável do peso de um penálti num determinado jogo ou do impacto de uma expulsão naquele momento da partida – ou sequer da fatalidade de um golo mal anulado, por exemplo.
O exercício não ajuda a definir quem poderia ter sido campeão caso os árbitros acertassem tudo o que analisam, mas ajuda, pelo menos, a perceber a distribuição mais ou menos equitativa dos erros.
Penáltis por assinalar
Na categoria dos penáltis, o Sporting teve cinco infracções por assinalar a seu favor e um mal assinalado a favor de um adversário. Por outro lado, só teve um mal assinalado a seu favor e um por assinalar a favor do adversário. No fim de contas, saiu a perder.
E isso não aconteceu com FC Porto (acabou com mais benefício do que prejuízo) e Benfica (ficou com a “conta” a zeros entre erros e acertos).
No prisma dos cartões vermelhos, o Sporting tem o registo a zero, com equilíbrio entre benefício e prejuízo, enquanto o FC Porto e o Benfica contam com alguns vermelhos por exibir a jogadores seus – seis nos “dragões” e cinco nos “encarnados”, sem que os prejuízos compensem esse registo.
Nota ainda para o facto de o FC Porto ter tido um número muito alto de vermelhos (nove) e de esse valor, num cenário ideal de acerto de decisões, poder ter sido 16.
No campo dos golos anulados houve muito poucos erros de arbitragem, cortesia da introdução do VAR, que praticamente esvaziou este tipo de erro. Houve, ainda assim, dois golos por invalidar ao Sporting e outros dois ao Benfica.
Algumas jornadas “negras”
Numa análise mais fina, houve alguns casos interessantes. Houve situações como o vermelho mal exibido a Diomande com o Arouca não poder ser revertido pelo VAR, por ser um segundo amarelo, tal como um vermelho por exibir a David Carmo frente ao Vizela – que além de ser um segundo amarelo era um caso de protestos, que não se enquadraria no protocolo VAR.
Na jornada 12 houve arbitragens férteis em lances importantes. No Famalicão-FC Porto, um penálti por assinalar contra os “dragões”, um vermelho por exibir a Evanilson e um bem exibido a Zaidu. No Moreirense-Benfica, ficou um vermelho por exibir à equipa minhota. No Sporting-Gil Vicente foram dois golos bem anulados aos “leões” e um outro em que se pediu falta ofensiva no golo de Gyökeres – Pedro Henriques diz que é um lance de interpretação.
Nota também para a jornada 18, na qual Pedro Henriques apontou erros graves em todos os jogos: dois penáltis por assinalar no Vizela-Sporting, um no FC Porto-Moreirense e um golo mal validado no Benfica-Boavista.
Houve ainda dois casos curiosos. Aderllan foi expulso por duplo amarelo no Benfica-Rio Ave, na jornada 17, mas apenas o segundo cartão se justificou, caso semelhante ao de Régis no Estrela-Benfica. Foram, portanto, ambos mal expulsos, ainda que a infracção que levou à expulsão justificasse o amarelo exibido nesse momento.
O FC Porto teve ainda dois jogos muito ricos. Com o Desp. Chaves houve um penálti por assinalar a favor de cada equipa e um vermelho por exibir ao Desp. Chaves. Com o Boavista, houve um penálti por assinalar a favor de cada equipa, um vermelho por exibir ao Boavista e um vermelho bem exibido aos boavisteiros.
No fim de contas, todos podem queixar-se, mas o campeão nacional poderá queixar-se um pouco mais. Como ganhou, não o fará.