Benfica pode queixar-se dos penáltis? Não mais do que os rivais

Com base nas análises de Pedro Henriques, especialista do PÚBLICO, o Benfica teve cinco pontapés de penálti por assinalar a seu favor, um número que não supera os de FC Porto e Sporting.

sl-benfica,desporto,arbitragem,fc-porto,i-liga,futebol-nacional,
Fotogaleria
JOSÉ COELHO
sl-benfica,desporto,arbitragem,fc-porto,i-liga,futebol-nacional,
Fotogaleria
PAULO PIMENTA / PUBLICO

Houve cinco lances que deveriam ter dado pontapés de penálti a favor do Benfica, na I Liga, contra outros cinco que deveriam ter beneficiado o FC Porto e seis o Sporting. É esta a perspectiva geral da análise aos momentos de possíveis penáltis para os três “grandes” no campeonato nacional, com base nas opiniões do especialista do PÚBLICO, o ex-árbitro Pedro Henriques, que detalha, semanalmente, os casos mais relevantes da jornada.

Na análise oposta, o Benfica é a equipa que mais beneficiou de erros de arbitragem em matéria de penáltis contra – ficaram três por assinalar contra a equipa de Jorge Jesus, um contra o FC Porto e também um contra o Sporting.

Antes de mergulharmos na análise detalhada importa perceber de onde vem tudo isto. Uns redondos zero penáltis assinalados a favor em 1800 minutos de futebol são a principal base da indignação do Benfica nas últimas semanas, uma retórica reforçada pelo número – que apontam ser incomum – de penáltis já assinalados a favor do FC Porto na I Liga (são 12 em 20 jornadas).

Há quem considere uma mera casualidade estatística, sem suspeições paralelas, e quem se incline para um padrão de prejuízo permanente ao Benfica. Para aferir o que se passa, então, com os penáltis na I Liga, o PÚBLICO fez o levantamento das análises semanais do especialista Pedro Henriques – com contabilização directa de erros e acertos, sem ter em conta prismas subjectivos como o peso que cada penálti poderia ter no resultado ou quantos pontos poderia dar em caso de golo.

Dois penáltis mal concedidos ao Sporting

Segundo o que foi sendo escrito pelo ex-árbitro nas opiniões semanais, o Benfica pode queixar-se de cinco pontapés de penálti por assinalar a seu favor – aconteceram nos jogos frente a Nacional, Marítimo, Moreirense (dois nessa partida) e Farense.

Seriam cinco penáltis a mais do que os “encarnados” tiveram na realidade, mas os rivais não poderão gabar-se de terem “costas largas”. O FC Porto, que já teve 12 penáltis a favor, deveria ter tido também mais cinco, enquanto o Sporting, com cinco já conquistados, deveria ter beneficiado de mais seis.

Nos valores absolutos não há, portanto, diferenças substanciais, ainda que, na conta relativa, os penáltis por marcar a favor do Benfica tenham um significado diferente: zero em cinco é distinto de 12 em 17 (FC Porto) e cinco em onze (Sporting).

Agora os erros. Nos “dragões”, cujo número de penáltis supera todas as equipas da I Liga, Pedro Henriques considerou que dois dos 12 assinalados foram incorrectos (jogos frente a Paços de Ferreira e Marítimo).

Já o Sporting teve, em cinco penáltis, três bem assinalados e dois mal (jogos frente a Paços de Ferreira e Farense). No caso dos “leões”, este segundo penálti mal assinalado a favor tem contornos particulares. À jornada 10, o Sporting defrontou o Farense e, ao minuto 87, André Narciso assinalou falta na área a favor dos lisboetas.

Foto

Para Pedro Henriques, esse foi um penálti mal assinalado sobre Feddal, mas, segundos antes, tinha ficado um outro por assinalar sobre Coates – ambos entraram na contabilização do PÚBLICO, um como mal assinalado, outro como falta por assinalar.

Confira a explicação do ex-árbitro, a 21 de Dezembro. “Defendi chega primeiro à bola, tocando nesta claramente e desviando a sua trajectória, sendo inevitável o contacto posterior da mão na cara de Feddal (…) contudo, no mesmo lance, e antes desta situação, Felipe Melo, com o seu braço esquerdo, impede de forma clara a progressão e movimentação de Coates que estava nas suas costas. Uma infracção passível de penálti”.

Também no Benfica há um caso interessante e de análise difícil. Frente ao Rio Ave, na jornada 4, os “encarnados” viram o árbitro João Pinheiro apitar penálti sobre Darwin Núñez. Segundo Pedro Henriques, erradamente, já que “Aderlan toca na bola e é Darwin quem lhe pontapeia o pé”.

Este lance não entrou na contabilização de penálti mal assinalado a favor do Benfica, porque, na verdade, não chegou a sê-lo cabalmente: apesar da má decisão do árbitro, o lance foi invalidado por fora-de-jogo do avançado uruguaio, algo que, para Pedro Henriques, acabou por repor a justiça sobre o lance em causa. E é naturalmente impossível saber o que teriam feito João Pinheiro e o VAR caso não existisse fora-de-jogo.

Benfica deveria ter sofrido mais três

No plano inverso, o dos penáltis contra, o Benfica foi a equipa que mais vezes teve de defender pontapés da marca dos 11 metros, mas é também a que mais vezes deveria ter repetido essa sina.

Os “encarnados” já tiveram três penáltis contra (um deles defendido, frente ao Farense), mas deveriam ter tido outros três – nos jogos frente a Portimonense, Gil Vicente e Farense.

Sporting e FC Porto foram bafejados por essa sorte apenas uma vez e podem queixar-se também dos penáltis apitados contra: segundo a opinião de Pedro Henriques, ambas as equipas tiveram de defender penáltis mal assinalados – no Famalicão-FC Porto e no Belenenses SAD-Sporting.

Em suma, com base nas análises do especialista do PÚBLICO, o Benfica teve cinco pontapés de penálti por assinalar a seu favor. Ainda assim, não só não teve mais do que os rivais como acabou por ser mais beneficiado por erros de arbitragem no capítulo dos penáltis contra.

Sugerir correcção
Ler 9 comentários