FC Porto o mais castigado em penáltis, Sporting em vermelhos, Benfica nos golos
Segundo as análises semanais de Pedro Henriques, especialista do PÚBLICO, os “dragões” deveriam ter tido mais 12 penáltis do que os que tiveram. Mas também Sporting e Benfica terão queixas noutros domínios do jogo. No fim de contas, calhou a todos.
É um clássico bem português ver adeptos, dirigentes, treinadores e jogadores apontarem o seu clube como o mais prejudicado pelas arbitragens – seja para justificar fracassos, seja para exaltar ainda mais os sucessos. Mas, na temporada 2021/22 da Liga portuguesa, talvez o barulho seja menos forte – ou, no mínimo, menos relevante. É que cada um dos três “grandes” foi o mais prejudicado (ou, num caso, o menos beneficiado) em cada uma das três categorias mais relevantes: pontapés de penálti, cartões vermelhos e golos anulados.
Mais: se formos à categoria sempre mais badalada e alvo de “conversas de café”, a dos penáltis, a equipa mais prejudicada foi… a campeã. O FC Porto não tem, portanto, motivo para lançar muitas ondas, sabendo-se que é nos fracassos que geralmente mais se visa a arbitragem.
Tudo isto são conclusões tiradas apenas e só das análises semanais de Pedro Henriques, especialista do PÚBLICO em arbitragem. É relevante referir também que a análise prevê apenas contabilização directa de erros e acertos, sem ter em conta prismas subjectivos e imensuráveis como o peso que cada penálti poderia ter no resultado ou quantos pontos poderia dar em caso de golo.
Mas vamos a números. Segundo o que foi sendo escrito pelo ex-árbitro nas opiniões semanais, o FC Porto, que pôde bater oito pontapés de penálti em 2021/22, deveria ter tido mais 12. Trata-se de um número significativo, sobretudo por comparação com o Sporting (dez assinalados a favor e quatro por assinalar) e o Benfica (cinco assinalados e um por assinalar, no empate 1-1 frente ao Vizela). Esta aparente anomalia estatística dos portistas é, em boa parte, enviesada pelos três penáltis por assinalar num só jogo: o triunfo por 4-1 frente ao Boavista, em Outubro.
No prisma oposto, as três equipas equilibram-se nos erros a seu favor: todas deveriam ter sido castigadas com mais dois penáltis contra.
Sporting e Benfica com outro tipo de queixas
Outro capítulo relevante é o das expulsões, pela forma como condicionam os jogos. Aí, o Sporting é aquele que mais se pode queixar – não necessariamente por ter sido mais prejudicado, mas porque foi o único com saldo nulo entre benefício e prejuízo. Os leões deveriam ter tido mais três jogadores expulsos, mas, além de terem tido um jogador mal expulso, deveriam ter tido mais dois adversários com cartões vermelhos.
Já FC Porto e Benfica ficam com um saldo positivo entre benefício e prejuízo, com um detalhe curioso: houve muitos erros em expulsões em jogos dos “encarnados”. Seis jogadores do Benfica deveriam ter sido expulsos – e não foram –, mas, por outro lado, quatro adversários das “águias” não deveriam ter acabado o jogo – e acabaram.
Por fim, faltam os golos anulados. Este é um sector da análise no qual há menos erros, já que comporta, em geral, matéria mais factual do que lances de penáltis e vermelhos – e, por isso, permite aos video-árbitros serem mais eficazes na reversão de decisões erradas, sobretudo em foras-de-jogo.
Mas houve alguns lapsos. O Benfica teve um golo mal anulado e deveria ter visto serem revertidos dois golos a adversários. Já o Sporting ficou a zeros neste ranking, enquanto o FC Porto marcou dois golos irregulares.
No fim de contas, como quase sempre acontece, calhou a todos.