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As imagens da destruição das cheias no Brasil que causaram 83 mortes
Mais de 100 mil pessoas estão desalojadas devido às inundações que atingem o estado do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil.
Pelo menos 83 pessoas morreram nas inundações no sul do Brasil, segundo um novo balanço divulgado nesta segunda-feira pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul. De acordo com a Defesa Civil, há 276 feridos e 111 pessoas desaparecidas. O mesmo órgão indicou que cerca de 121.957 pessoas estão desalojadas e há outras 19.368 pessoas alojadas em abrigos. O anterior balanço apontava para 76 mortos.
As inundações afectaram 850.422 pessoas que vivem em 345 dos 496 municípios do estado que, segundo as autoridades locais, registaram algum tipo de problema causado pela chuva desde o início da semana passada.
O Rio Grande do Sul, com uma população de 11 milhões de pessoas, tem sido atingido repetidamente no último ano pelo fenómeno climático El Niño, que provocou (e agravou) as fortes chuvas no sul do país.
O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, viajou no domingo ao Rio Grande do Sul, a sua segunda visita à região desde o início das cheias, e prometeu que não haverá entraves burocráticos ao envio de ajuda. "Não haverá nenhum impedimento burocrático para recuperar a grandeza deste estado", declarou Luiz Inácio Lula da Silva, depois de o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ter-se mostrado preocupado com as restrições financeiras do governo federal que limitam a capacidade de resposta da região.
O governador do estado enfatizou que o número de mortos ainda deve aumentar substancialmente à medida que as equipes de resgate tiverem acesso a mais regiões. Voluntários em barcos e a nado têm ajudado nos esforços de resgate.
As inundações destruíram estradas e pontes em várias regiões do estado. A tempestade também provocou deslizamentos de terra e o colapso parcial de uma barragem de uma pequena central hidroeléctrica. Uma segunda barragem, na cidade de Bento Gonçalves, também corre o risco de desabar, segundo as autoridades. O aeroporto internacional de Porto Alegre suspendeu todos os voos por um período “indeterminado”. Em algumas cidades, os níveis de água atingiram o nível mais alto desde o início dos registos, há quase 150 anos, informou o Serviço Geológico do Brasil.
Numa demonstração de unidade institucional diante da crise, Lula da Silva chegou ao Rio Grande do Sul acompanhado da maior parte do Governo (incluindo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva), além dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, que prometeram celeridade na tramitação dos projectos de lei para enfrentar a crise. O governo regional do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade, situação reconhecida pelo Governo central.
Em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, grandes áreas da região central ainda estão inundadas. O nível do rio Guaíba, que passa pela cidade, está quase 2,3 metros acima da cota de inundação.
O estado mais ao sul do Brasil tem sido bastante afectado pelas alterações climáticas. Depois de sofrer problemas com uma forte seca em razão do fenómeno La Niña, no ano passado a região passou a ser afectada pelo El Niño e registou em menos de 12 meses quatro desastres climáticos causados por ciclones extratropicais e tempestades. Em 2023, três eventos ocorreram em Junho, Setembro e Novembro, causando 75 mortos nesse estado brasileiro.
Este ano, os impactos do El Niño têm sido particularmente dramáticos, com uma seca histórica na Amazónia. Os cientistas afirmam que as condições meteorológicas extremas são cada vez mais frequentes devido às alterações climáticas causadas pelo homem. com Lusa