Palcos da semana: artes, danças e liberdade que Transborda

Dos Dias da Dança no Porto ao festival que Transborda em Almada vão ecos da revolução no MAAT, Sons de Liberdade no Tivoli e Lloyd Cole em digressão solitária.

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Remachine, de Jefta van Dinther, um dos espectáculos a não perder no DDD - Dias da Dança Jubal Battisti
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JP Simões canta José Mário Branco em Sons de Liberdade Tiago Fezas Vidal
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Ana Jotta, Série B, 1983 - uma das obras expostas em Hoje Soube-me a Pouco Colecção de Arte Fundação EDP, cortesia da artista
,La Maison des Métallos
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Forces of Nature, de Ivana Müller, um dos espectáculos da quarta Transborda - Mostra Internacional de Artes Performativas de Almada Alix Boillot
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Lloyd Cole dá sete concertos por cá Paul Shoul
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Liberdade de movimento

O festival DDD - Dias da Dança sempre se moveu por coreografias alternativas, códigos questionados, espectáculos livres de amarras e corpos em fuga às regras. Em ano de cinquentenário da Revolução dos Cravos, essa liberdade que lhe corre no ADN ascende ao lugar de tema condutor da oitava edição, pronta a ocupar um total de 17 palcos do Porto, Matosinhos e Gaia.

Manifesta-se logo no primeiro dia, seja na intersecção de danças urbanas e populares brasileiras que habitam a Zona Franca de Alice Ripoll, seja na “interacção entre os humanos e um ambiente hipermecanizado incontornável” explorada por Jefta Van Dinther em Remachine.

Expressa-se também na chamada de Roger Bernat a uma Dormifestação pela emergência na habitação (com direito a pernoita no Rivoli), na construção de “uma história potencial não imperial” na Libya de Radouan Mriziga, nos passos de milly rock estudados por Jeremy Nedd ou na Utopia de Diana Niepce.

Isto para mencionar apenas um punhado dos 27 espectáculos programados – nove deles em estreia absoluta, 13 em primeira apresentação nacional –, a que o DDD ainda junta workshops, festas e formações.

Três, a conta que Abril fez

Um cronista sonoro, uma fadista e um fazedor de “folque(lore) muito erudito” entram num teatro. Vão artilhados de canções harmonizadas com o 25 de Abril. E, a pretexto da celebração do cinquentenário, fazem ecoar Sons de Liberdade. Assim se intitula a trilogia de concertos que chama ao Tivoli JP Simões, Gisela João e B Fachada.

JP Simões faz subir o pano a 24 de Abril, com a primeira apresentação ao vivo do disco de homenagem a José Mário Branco que lançou este ano. No dia seguinte, Gisela Canta Abril num novo espectáculo (estreado na véspera, em Amarante) pejado de bordões revolucionários, ao lado do guitarrista Carles Rodenas Martinez. A 26 de Abril, B Fachada concentra-se num só poeta-cantor para exclamar Zeca, Zeca e mais Zeca!!!.

Memórias a saber a pouco

Também ao MAAT chegam estilhaços da revolução, mas na forma de uma exposição cujo título é emprestado por uma canção de Sérgio Godinho, Hoje Soube-me a Pouco, e cujo subtítulo, Introversões e utopias artísticas no pós-25 de Abril, denuncia o conteúdo: um conjunto representativo de “legados e tendências criativas que emergem depois de 1974”, lê-se na folha de sala.

A colectiva, com curadoria de João Pinharanda e Sérgio Mah, reúne mais de 40 artistas, incluindo obras de Ana Jotta, Gabriel Abrantes, Julião Sarmento, Susanne Themlitz, Álvaro Lapa, Ângelo de Sousa, Helena Almeida, Alberto Carneiro, Rui Chafes, Júlio Pomar, Álvaro Lapa, Paula Rego e Pedro Cabrita Reis.

Ainda a propósito dos cravos, o museu lisboeta oferece-se como palco a outra proposta artística: a estreia de 25 de Abril de 1974, em que a companhia de teatro Mala Voadora pega em imagens da época – resgatadas aos arquivos da RTP e com o jornalista Joaquim Furtado como consultor – para “mostrar a revolução como se ela fosse a encenação de um artista”.

Forças transbordantes

Em Almada, vão a palco criadores que “experimentam ecologias de saberes frente a novos desafios e ficcionam mundos possíveis no encontro poroso com o outro” – palavra da Casa da Dança, organizadora da Transborda - Mostra Internacional de Artes Performativas de Almada.

O cartaz desta quarta edição vai da estreia de Mono-No-Aware, de Rafael Alvarez, com Mariana Tengner Barros e Noeli Kikuchi, até às Forces of Nature de Ivana Müller, passando pela Boca Fala Tropa de Gio Lourenço, pela homenagem de Cecilia Lisa Eliceche a Janet Panetta (1948-2023) e por três espectáculos de Cristian Duarte.

Lloyd Cole “estranhamente fresco”

De bagagem aligeirada, só guitarra e microfone, Lloyd Cole volta a fazer-se às estradas portuguesas, numa digressão de sete datas em modo acústico. Depois de ter lançado, em 2023, o álbum On Pain, resolveu decretar 2024 “o ano do one man show” e enveredar por um espectáculo a solo.

Nas palavras do cantautor inglês que, aos 63 anos exibe um currículo de investidas a terrenos musicais diversos q.b., “é muito diferente daquilo que tenho feito nos últimos anos e, por isso, soa estranhamente fresco”. Para o alinhamento, despe canções que tanto podem ser novidades desse último disco como clássicos do baú Commotions.

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