EUA vetam adesão da Palestina às Nações Unidas
Estados Unidos foram o único membro do Conselho de Segurança a opor-se ao reconhecimento da Palestina enquanto membro de pleno direito da ONU.
Os Estados Unidos votaram esta quinta-feira contra o pedido de adesão da Palestina enquanto membro de pleno direito das Nações Unidas, impedindo a sua aprovação pelo Conselho de Segurança. Caso os EUA não a tivessem vetado, a resolução teria sido aprovada com 12 votos a favor. Reino Unido e Suíça abstiveram-se, isolando os Estados Unidos na oposição à adesão da Palestina.
"A opinião dos Estados Unidos continua a ser a de que o caminho mais rápido para a criação de um Estado para o povo palestiniano é através de negociações directas entre Israel e a Autoridade Palestiniana, com o apoio dos EUA e de outros parceiros", afirmou o embaixador norte-americano no Conselho de Segurança, Robert Wood, repetindo declarações já tornadas públicas esta tarde pelo Departamento de Estado dos EUA. "Uma paz duradoura só poderá ser alcançada com uma solução de dois Estados em que a segurança de Israel esteja garantida."
Esta quinta-feira, no Conselho de Segurança da ONU, em Nova Iorque, foi discutido e sujeito a votação o projecto de resolução que recomendava o reconhecimento do Estado da Palestina enquanto membro de pleno direito das Nações Unidas, apresentado pela Argélia em nome de vários países árabes.
No entanto, era já expectável o veto dos Estados Unidos, uma vez que a aprovação da proposta significaria o reconhecimento efectivo e unilateral do Estado da Palestina, a que Washington se opõe. A resolução acabou mesmo por ser chumbada, apesar de ter reunido 12 votos a favor, mais três do que seria necessário para a aprovação.
"Temos sido muito claros: acções precipitadas em Nova Iorque, mesmo que com as melhores intenções, não darão um Estado ao povo palestiniano", acrescentou Robert Wood, lembrando que o comité do Conselho de Segurança que avaliou o projecto de resolução não conseguiu chegar a um consenso sobre se a Palestina cumpria os critérios para a adesão à ONU. "Por isso, os Estados Unidos votam contra."
Actualmente cumprem mandatos no Conselho de Segurança a Argélia, Equador, Guiana, Japão, Malta, Moçambique, Coreia do Sul, Serra Leoa, Eslovénia e Suíça.
O poder de veto é reservado aos cinco membros permanentes: Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China. No caso de nenhum recorrer ao veto, são necessários nove votos favoráveis para as resoluções apresentadas ao Conselho de Segurança serem aprovadas.
A Palestina tem neste momento estatuto de Estado observador não-membro nas Nações Unidas, aprovado em 2012 pela Assembleia Geral com uma maioria de 138 votos a favor. À data, os Estados Unidos, uma das nove nações que votaram contra, consideraram a resolução "infeliz e contraproducente".
Guterres diz ser "obrigação moral" apoiar um "Estado palestiniano independente"
António Guterres, secretário-geral da ONU, defendeu esta quinta-feira que a comunidade internacional tem "a responsabilidade e a obrigação moral" de trabalhar para a criação de um "Estado palestiniano totalmente independente, democrático, contíguo, viável e soberano", em declarações no debate de nível ministerial do Conselho de Segurança sobre a situação no Médio Oriente.
Recent escalations in the Middle East make it even more important to find lasting peace between Israel & Palestine.
— António Guterres (@antonioguterres) April 18, 2024
?
The ultimate goal remains a two-state solution.
?
The international community has a responsibility & a moral obligation to help make this happen. pic.twitter.com/GmV3QuhMzp
"O falhanço do progresso no sentido de uma solução de dois Estados apenas aumentará a vulnerabilidade e os riscos para milhões de pessoas em toda a região, que continuarão a viver sob uma ameaça constante de violência", justificou o líder da ONU.
Dos 193 membros das Nações Unidas, mais de 50 (incluindo 27 países europeus) continuam sem reconhecer o Estado da Palestina.
No mesmo debate, que decorreu antes da votação, o embaixador israelita nas Nações Unidas, Gilad Erdan, acusou a organização de ser incapaz de "impedir guerras e proteger direitos humanos". "O apoio à criação forçada de um Estado palestiniano-nazi será lembrado como o momento que acelerou o colapso da ONU", considerou. "O que é importante para o Conselho de Segurança é ajudar os terroristas em Gaza a sobreviver."